O suposto envolvimento do PMDB com o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano - apontado na Operação Lava Jato como operador do partido no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e empreiteiras com obras contratadas pela estatal - é visto pelo ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, como um tema que não pode "retrair" a legenda na negociação por mais espaço no segundo governo Dilma Rousseff.
O ministro afirmou que o PMDB "não deve se sentir acuado de maneira nenhuma" pela suposta ligação com o lobista, conforme indica a Polícia Federal.
Garibaldi disse que não se "lembra" de ter conhecido Baiano em algum momento. "Não sei quem é. Você até pode estar dizendo 'ele não conhece agora', mas eu estou sendo sincero: não estou me lembrando dele não. Graças a deus", afirmou ontem à noite, ao sair de seminário sobre governança promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TCU).
O ministro confirma que já entregou sua carta de demissão do cargo, conforme determinou o titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e que voltará para o Senado em 2015. "Eu já fiz a minha carta, coloquei o cargo à disposição e como está à minha disposição a cadeira lá do Senado, que o povo (do Rio Grande do Norte) me mandou, então tenho mais quatro anos", disse.
Garibaldi, contudo, negou que haja conversas para que seu primo, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, assuma Previdência no segundo mandato de Dilma pelo PMDB. "Não existe nenhuma sinalização assinada. Seria prematuro dizer alguma coisa sobre isso. Eu participei de uma reunião semana passada lá na casa de Henrique, que juntou alguns parlamentares, mas não se discutiu assim nomes (de ministérios)", contou.
Visibilidade ministerial
O ministro chamou de "natural" a disputa do PMDB por pastas mais relevantes no segundo mandato da presidente Dilma. Ele destacou que o partido tem interesse em ganhar mais "visibilidade" à frente de ministérios com programas sociais para chegar à ponta da sociedade.
Garibaldi reclamou mais "conforto" para o partido na divisão de poder com o PT. "Isso que vou dizer a você é o óbvio: claro que se discutiu que o PMDB vai querer uma participação maior, mas não assim apontando os ministérios. Mas uma participação que lhe dê um conforto maior no governo, no sentido de que tenha maior visibilidade, ministérios que tenham um maior alcance social", sugeriu.
Ao ser questionado sobre o interesse do PMDB no Ministério das Cidades, que administra a execução dos programas bilionários Minha Casa, Minha Vida, PAC do Saneamento e PAC da Mobilidade Urbana, Garibaldi reconheceu que há disposição pela pasta comandada hoje pelo PP. "Isso não está (colocado) assim especificamente, mas creio que deve caminhar para isso quando a coisa amadurecer, quando partir para o preto no branco", indicou.
Apesar da sinalização de interesse por Cidades, o ministro disse que não queria "criar conflito" com o PP, que também é apontado na Lava Jato como integrante do esquema de corrupção na Petrobras. "Eu não sei exatamente (como ficaria o PP sem Cidades), porque não está decidido que o PMDB vai reivindicar o Ministério das Cidades. Eu não quero criar conflito. O que eu digo, é que eu concordo com você (sobre a disputa entre os partidos)", observou.
Garibaldi comentou também sobre a demora na definição do novo ministério pela presidente Dilma. "O que está faltando é uma sinalização para uma conversa que não há ainda (com a presidente Dilma)", disse.
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