Raio-X
Saiba mais sobre o ministro do Esporte:
Orlando Silva Jr.
(PCdoB) 40 anos
Foi presidente da UNE de 1995 a 1997.
No governo Lula, foi secretário nacional do Esporte e secretário-executivo da pasta.
Tornou-se ministro em 2006.
Histórico
2008
Ganhou notoriedade no escândalo dos cartões corporativos do governo Lula por ter incluído nas despesas oficiais uma tapioca de R$ 8,30. A CGU pediu a devolução de R$ 8 mil por gastos irregulares em 2006 e 2007.
2009
Um ano depois de o Ministério do Esporte liberar R$ 7 milhões para que Campinas construísse um centro olímpico, o cunhado de Orlando Silva, Gustavo Petta, foi nomeado secretário de Esporte do município.
2010
Operação Shaolin prendeu cinco pessoas suspeitas de desviar recursos do programa Segundo Tempo, do ministério. Entre elas estava o policial João Dias Ferreira, pivô das novas acusações contra o ministro.
2011
João Dias acusa o ministro de fazer parte de um esquema que desviou R$ 40 milhões dos convênios de programas do ministério. Segundo denúncias Orlando Silva teria recebido parte dos recursos em dinheiro vivo, dentro da garagem do ministério.
Segundo Tempo
Projeto para o incentivo de práticas esportivas para crianças e adolescentes, tornou-se a principal fonte de problemas no ministério. O programa recebe mais repasses a cada ano: de R$ 46 milhões em 2004 para R$ 175 milhões no ano passado.
Fonte: Folhapress
Programa Segundo Tempo está parado no Paraná
No Paraná, o programa Segundo Tempo tem problemas de outra ordem: embora não haja denúncias de desvio de dinheiro, há demora para que os alunos sejam atendidos. Desde o início do ano, a atual gestão da Secretaria de Estado do Esporte paralisou o projeto. E embora o relançamento oficial tenha sido feito em agosto, ainda não há previsão de quando a operação do programa voltará ao normal.
O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), jogou ontem nas costas do antecessor, Agnelo Queiroz (PT), atual governador do Distrito Federal, a responsabilidade pela celebração de dois convênios da pasta com entidades comandadas pelo policial militar João Dias Ferreira. O PM acusa Orlando de receber propina em contratos celebrados no âmbito do programa Segundo Tempo.
De acordo com as declarações dadas pelo ministro, ele só recebeu o policial e firmou o primeiro convênio por orientação de Agnelo, de quem era secretário-executivo. "A única vez que encontrei este caluniador foi no Ministério do Esporte. Eu era secretário-executivo do Agnelo, que me recomendou que o recebesse e firmasse o convênio", disse Silva, em entrevista coletiva.
A versão do ministro foi contestada pelo policial. A conversa, segundo Ferreira, teria acontecido entre o final de 2004 e o início de 2005. Os convênios com a ONG de Ferreira e a Federação Brasiliense de Kung Fu, presidida por ele, foram firmados em 2005 e 2006. Orlando Silva afirmou que o convênio foi celebrado devido à "experiência da entidade" em um trabalho social em Sobradinho (DF). Ressaltou ainda não ter sido encontrado pela equipe técnica da pasta qualquer problema relativo às entidades.
Após repassar a responsabilidade, Silva disse acreditar que a ação de Agnelo, que na época era filiado ao PCdoB, tenha sido de "boa fé". Procurada, a assessoria de Agnelo disse que o governador está em viagem e não poderia ser localizado.
O ministro tentou demonstrar tranquilidade em relação a sua permanência no cargo. Disse ter respaldo de seu partido, o PCdo B, e do governo. Afirmou que as denúncias não atrapalham sua atuação e destacou que a negociação com a Fifa sobre a Copa do Mundo é feita em nome de posições do governo e não apenas do ministério. Confirmou ainda que não irá quinta-feira a Zurique, na Suíça, no evento do anúncio da sede da abertura da Copa do Mundo. Atribuiu a ausência ao desejo do governo de não manifestar preferência por alguma cidade.
Buscando antecipar-se a iniciativas da oposição, Orlando pediu formalmente à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República que o investigasse. Solicitou ainda à Comissão de Ética Pública da Presidência que pudesse apresentar pessoalmente suas explicações.
Dilma
Apesar da aparente tranquilidade, o ministro continua no cargo, por enquanto, mas sob vigilância total da presidente Dilma Rousseff, tanto em relação a novas denúncias, quanto aos esclarecimentos que venha a fazer. Na ausência da presidente, que está de viagem para a África do Sul, Orlando Silva se explicou domingo e ontem para os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
A própria presidente disse que o governo está de olho nas justificativas do ministro, que deverão começar a ser feitas hoje à tarde, na Câmara dos Deputados, em reunião conjunta das Comissão de Turismo e Esporte e de Fiscalização e Controle.
Dilma contou que teve uma conversa com o ministro, ainda no sábado, por telefone, logo depois da publicação da denúncia da revista Veja. A presidente disse que o ministro tem direito à "presunção da inocência" e que, nos contatos com ela, afirmou nada temer.
Nos bastidores, o governo trabalha com a certeza de que Orlando Silva conseguirá provar que não tem envolvimento com esquemas de corrupção montados no Ministério do Esporte.
Oposição
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, protocolou ontem representação na Procuradoria-Geral da República contra o ministro Orlando Silva e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
Interatividade
As denúncias contra o ministro Orlando Silva podem derrubá-lo do cargo? Por quê?
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