Nas contas do ministro Marco Aurélio Mello, a decisão estaria nas mãos de dois ministros| Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse na manhã desta quinta-feira, 12, em entrevista à Rádio Estadão, que acha que seus colegas de tribunal estenderão o julgamento do mensalão com o acolhimento dos chamados embargos infringentes. "O que eu posso esperar é uma decisão apertada e a sinalização até aqui é no sentido de o tribunal admitir os embargos infringentes. Se isso ocorrer, haverá a distribuição do processo a um novo relator - não teremos revisor - e caberá a ele aparelhar o processo", disse o ministro.

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Mesmo com a ressalva de que não anteciparia seu voto, Marco Aurélio deu a entender que votará contra a aceitação dos embargos. Nas contas do ministro, a decisão estaria nas mãos de dois ministros. "A votação depende muito de dois colegas, Cármen Lúcia e Celso de Mello", analisou. "Se a ministra Cármen Lúcia votar contra o cabimento dos embargos, a votação chegará ao decano do tribunal (Celso de Mello) empatada."

Como o placar parcial é de 4 votos a 2 em favor dos embargos e a tendência é de que Ricardo Lewandowski vote pela aceitação e Gilmar Mendes pela rejeição, Marco Aurélio sinalizou, portanto, que deve votar pela rejeição dos embargos.

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Em outra indicação de que deve votar contra a aceitação dos infringentes, o ministro demonstrou, na entrevista, descontentamento com uma suposta "insegurança jurídica" que seria criada pela aceitação dos embargos e chegou a dizer que o sistema ficaria "capenga". "Temos cerca de 400 ações penais a serem julgadas. Se o tribunal admitir os embargos, toda vez que houver quatro votos vencidos nós teremos uma sobreposição, uma duplicidade na apreciação da matéria."

Segundo o ministro, o Supremo tem muitos processos a serem julgados e não pode ficar "repetindo julgamento". "Eu tenho mais de 200 processos aguardando julgamento", afirmou. "Processos que eu liberei a um, dois, cinco, dez anos para serem julgados. O tribunal se tornou nestes últimos meses tribunal de processo único."