O mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Alberto Menezes Direito, faz questão de ser tratado com a liturgia imposta pelo cargo. Isso desde os tempos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deixou há dois meses para ocupar uma das 11 cadeiras da mais alta Corte do país. Em março, ficou irritado com a atitude de um servidor do tribunal onde trabalhava. Ao fim de uma sessão de julgamentos, o funcionário teria usado o termo "psiu" para chamar a atenção do ministro. Na hora, Direito teria feito cara feia. Depois, mandou abrir processo administrativo contra o servidor por mau comportamento.
O funcionário chama-se Fabrício Azevedo, é jornalista concursado e trabalha na assessoria de comunicação do STJ há três anos. No dia em que tentou abordar Direito, queria tirar uma dúvida sobre um processo que acabara de ser julgado. A informação serviria para escrever uma notícia que seria publicada na página do tribunal na internet. Segundo testemunhas, Azevedo teria chamado Direito usando o termo ministro seguido do último nome, por mais de uma vez. Foi ignorado. Ninguém viu se ele disse mesmo "psiu" nas tentativas de comunicação. No processo, o funcionário nega ter usado o termo.
No dia seguinte, o ministro fez uma reclamação formal ao diretor-geral do STJ, Miguel Fonseca de Campos, que abriu um procedimento administrativo contra o servidor por deixar de "tratar com urbanidade as pessoas" - ou seja, por comportamento social inadequado. Conforme a Lei 8.112, de 1990, que disciplina o setor, esta é uma das obrigações do servidor público civil da União.
Procurado pelo Globo, o jornalista não quis falar sobre o episódio para evitar constrangimentos. A pena prevista em lei para a infração da qual o jornalista é acusado é uma advertência, que deverá constar na ficha dele se houver condenação. Ele não corre o risco de ser expulso do serviço público.
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