Apesar de morna na maior parte do tempo, a audiência com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, na Câmara, teve dois momentos de debate mais acalorado e com bate-boca. O primeiro deles foi entre Lupi e o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). O líder tucano voltou a sugerir que Lupi renuncie ao cargo para se defender e fez duras críticas ao governo Lula, dizendo que Lupi é um rescaldo do sistema de ocupação político-partidária de ministérios, herdado pela presidente Dilma Rousseff e que a que tem feito refém dos aliados.

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Lupi reagiu, tecendo elogios rasgados ao ex-presidente Lula. Antes, ele afirmou ser espírita kardecista e acusou Duarte Nogueira de trabalhar e agir com ódio e rancor por não se conformar com os 80% de aprovação do governo do PT.

"Sou espírita, sou homem da reencarnação. Tem gente que trabalha com ódio, rancor, porque o governo tem 80% de aprovação. Eu só vi ódio durante a fala. Não transmito e não tenho ódio", disse Lupi.

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O tucano negou que tenha falado com ódio e o ministro, irritado, rebateu: "Eu vou poder falar?! Senti assim. Temos 80% de aprovação. Não fomos nós que dissemos que não é PSDB (que deve governar), foi o povo. Tenho muita honra de ter trabalhado com Lula. Ele deixou a melhor herança dessa história, mais de 15 milhões de emprego e sem vender nenhuma empresa pública. Tenho muita honra de defender o Lula. Deus dê a ele muita saúde, um nordestino que veio do nada e mostrou para a elite de Sorbonne como governar priorizando os pobres", disse Lupi.

Ele acrescentou: "Eu adoro o Lula e ninguém vai me punir por isso".

O presidente da comissão, Nilson Leitão (PSDB-MT), pediu respeito e Lupi logo acrescentou que não tinha ofendido ninguém. Duarte então falou: "Quero apenas lamentar que o ministro não respondeu as indagações. Preferiu enveredar no autoelogio e no elogio a Lula. Se há alguma herança que alguém deixou para o Brasil, foi o presidente Fernando Henrique Cardoso. As privatizações de estatais permitiram isso. Hoje temos celulares, a Vale gera mais empregos. Lula não teve a audácia de recomprar nenhuma empresa. Não estou aqui demonstrando ódio, mas minha indignação. Vossa excelência sim destilou ódio."

Em outro momento, os deputados pernambucanos Paulo Rubem Santiago (PDT) e Silvio Costa (PTB) bateram boca, porque Costa estava interrompendo a fala de Santiago. Mais cedo, Costa afirmou que o principal inimigo do ministro é o próprio PDT, que pede investigação dos fatos à Procuradoria Geral da República.

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