O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), já havia atuado em favor de outros empreendimentos da construtora Cosbat, antes de interpelar o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para a liberação, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da construção do prédio La Vue, em Salvador. Em janeiro deste ano, a Operação Lava Jato havia interceptado conversa de Geddel com Leo Pinheiro, então presidente da empreiteira OAS, sobre liberação de licenças para construção do prédio Costa España, localizado na Avenida Oceânica, de frente para o mar, em região nobre de Salvador. Um irmão do ministro comprou um apartamento no edifício.
“Não esqueça daquela oportunidade para concluirmos aquela conversa sobre o Costa España. Estou precisando definir o tema”, escreveu ele a Pinheiro. Posteriormente, o ex-executivo da OAS afirmou a um interlocutor: “Nosso amigo GVL [Geddel Vieira Lima] pede para você ligar para Luis. Teve com o baixinho [ACM Neto, prefeito de Salvador] e está liberado o Costa España”.
Além do Iphan, MPF também pediu suspensão da obra do ‘prédio de Geddel’
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Tanto a OAS quanto a Cosbat anunciam o Costa España em suas páginas na internet. Segundo a Cosbat, o empreendimento já está pronto. De acordo com a página da OAS na internet, o condomínio de alto padrão, com imóveis de 1, 2 ou 3 quartos, está “emoldurado por uma paisagem onde o mar, a praia e o sol ajudam a formar o novo cartão-postal de Salvador”.
O jornal O Globo publicou reportagem sobre o assunto em janeiro. À época, Geddel havia reconhecido ao ter conversado com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), sobre o empreendimento. Geddel disse ter considerado adquirir um apartamento no Costa España, mas que apenas um irmão seu comprara um imóvel no local.
O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) divulgou nota ontem na qual apoia a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, no caso Geddel. “A prática de influências na administração pública para proveito pessoal, com promiscuidade entre o interesse público e o interesse privado, em especial, no caso, em serviços de regulação e aprovação de obras com interferência sobre o Patrimônio Cultural e Arquitetônico nacional, torna ainda mais imperiosa a defesa da nomeação de técnicos experientes e qualificados para a direção do Iphan e de suas superintendências, como reiteradamente o IAB tem pleiteado”.
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