Brasília - O ministro das Cidades, Mário Negromonte, disse ter ficado "enojado" e "indignado" com as denúncias de aparelhamento político e cobrança de propina na pasta que comanda. De acordo com matéria da revista IstoÉ desta semana, o tesoureiro do Partido Progressista (PP), Leodegar Tiscoski, e outros executivos ligados à legenda, liberavam recursos para obras do Ministério das Cidades consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Para Negromonte, Tiscoski, que é secretário nacional de Saneamento Ambiental, não cometeu qualquer ilegalidade, mesmo que, em algum momento, tenha acumulado a função com a de tesoureiro do PP."Ele não era ministro, não ordenava despesas, nem efetuava pagamentos no ministério", afirmou Negromonte. "Se há algum questionamento ético, cabe a ele [Tiscoski] e ao partido responderem, não a mim. Até porque não foi na minha gestão". O ministro não abrirá sindicância nem mesmo processo disciplinar contra o secretário.Deputado licenciado do PP, Negromonte também disse que o partido não cometeu ilegalidade ao receber doações de empreiteiras que realizam grandes obras na pasta. "As doações foram legais, tanto as declaradas como as ocultas, e informadas à Justiça Eleitoral", insistiu.O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou no ano passado uma resolução impedindo "doações ocultas" aos partidos. Uma brecha no texto, porém, permitiu que os partidos repassassem aos candidatos recursos recebidos de grandes doadores sem identificá-los. Com a manobra, empresas ficaram protegidas e puderam contribuir com os candidatos sem ter os nomes associados diretamente a nenhum político.Negromonte alegou que só há quatro indicados do PP ocupando cargos de primeiro escalão no ministério. Destes, Tiscoski e o secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Carlos Bueno, já estavam no Ministério das Cidades desde o governo Lula. "Os mais de cem cargos de confiança da pasta estão nas mãos de técnicos de carreira, sem vínculos partidários", disse Negromonte.O ministro afirmou que está pronto para dar esclarecimentos à presidente Dilma Rousseff, caso ela solicite. Garantiu, ainda, que fará novo "pente-fino" nas obras citadas pela revista IstoÉ, para verificar se houve ilegalidade nos pagamentos efetuados às empreiteiras ou afronta a determinações do TCU. "Pelo que vi até agora são ilações e mentiras", disse.AgriculturaEm nota oficial, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também rebateu as denúncias do ex-diretor da Conab, Oscar Jucá Neto, publicadas na revista Veja. "Nenhum acordo extrajudicial foi fechado durante minha gestão com qualquer empresa privada", escreveu. Jucá Neto disse para a Veja que havia um "consórcio" entre o PMDB e o PTB para controlar a estrutura do Ministério da Agricultura para arrecadar dinheiro para os dois partidos. Ainda citou a venda de um terreno da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que teria sido fechada por um quarto do valor estimado. Rossi negou que o terreno tenha sido vendido abaixo do valor de mercado.
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