Londrina Na tentativa de reeleger o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República, o PT vai defender um "arroz, feijão e bife de esquerda". Ou melhor: vai defender as medidas adotadas pelo governo e usar dados estatísticos para tentar convencer o eleitor de que a gestão Lula reduziu a pobreza e a desigualdade.
O discurso afinado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Bernardo (Planejamento), que participaram da abertura oficial das atividades do Consórcio da Juventude, na sexta-feira, em Londrina, não deixa dúvidas sobre o prato que os petistas pretendem oferecer ao eleitor. "Se você pegar a carne, hoje ela está mais barata. Se pegar o feijão, está mais barato. Nós tiramos o imposto de uma boa parte da cesta básica. Isso é uma tarefa de governo de esquerda, o resto é discurso", declarou Bernardo, referindo-se à coloração ideológica do discurso petista para a campanha.
As críticas à esquerda acusam o governo Lula de adesão de teses neoliberais na condução da economia, como os juros altos e os superávits primários. Soma-se ao cardápio dos críticos de esquerda o pagamento adiantado das dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Clube de Paris. Mas o "Fora FMI" foi uma bandeira histórica da esquerda, que o próprio Lula empunhou na sua fase sindical.
Questionado sobre a antiga bandeira, Bernardo declarou que a esquerda "não soube capitalizar a quitação da dívida com o FMI". "Acho que o pessoal não está conseguindo perceber a importância disso. Na campanha de 2002, a grande dificuldade era a vulnerabilidade externa do país. Ela se pulverizou, não existe mais isso, está entrando muito dólar no país", declarou o ministro.
Questionado se um governo que conduz uma política econômica taxada de conservadora e de neoliberal pode manter o discurso de esquerda para tentar se reeleger, Bernardo responde com uma palavra: "Claro". E completa com números. "Se você pegar os números da pesquisa nacional por amostragem domiciliar, vai ver que os 50% mais pobres, ou os 20% mais pobres, ou os 10% mais pobres, ou qualquer número que você quiser, nunca tiveram a apropriação de uma fatia tão grande da renda nacional", defende.
Para Bernardo, o diagnóstico para a queixa de que setores da esquerda não apóiam com empolgação o governo Lula é um problema de ver "coisas simbólicas". "A redução da pobreza, o pagamento da dívida, o fato de que o país pulverizou a vulnerabilidade externa, nós temos saldo de dólar maior que a nossa divida externa, estamos com a inflação baixa, estamos gerando empregos. Se isso não é ser de esquerda, então o que é?", questiona.
Segundo o ministro, na hora de tomar decisões o presidente Lula costuma fazer alguns questionamentos: "Quem vai se beneficiar com essa medida? Quem vai ganhar? Como fica o povão?". "Na verdade, a esquerda esquece do objetivo final do governo, que é melhorar a situação do povo. Ser de esquerda é garantir uma situação melhor para quem é mais pobre", completa.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo