Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram na terça-feira (26) que o governo errou ao indicar a ministra Ellen Gracie Northfleet a uma cadeira no órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC) e foi o grande perdedor com o fracasso da iniciativa. Para alguns ministros, o Palácio do Planalto investiu na campanha em favor de Ellen Gracie com o objetivo exclusivo de abrir sua vaga na Corte para mais uma indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seus dois mandatos, Lula já indicou sete dos atuais 11 ministros do tribunal. A saída de Ellen Gracie permitiria que ele nomeasse seu oitavo ministro. Em 2010, uma nova vaga deve surgir com a aposentadoria compulsória aos 70 anos de Eros Grau.
Um dia depois de ter a candidatura rejeitada pela OMC, a ministra voltou na terça-feira a participar das sessões de julgamento no Supremo. Nos bastidores, seus colegas criticaram o fato de ela ter ficado no cargo durante a campanha à entidade internacional. Na opinião deles, Ellen Gracie deveria ter se aposentado para evitar constrangimentos à Corte. Neste ano, durante a campanha pela vaga na OMC, ela faltou a 12 das 28 sessões de julgamento.
Membros da cúpula da OMC, com sede em Genebra, na Suíça, disseram que a decisão de rejeitar a candidatura de Ellen Gracie não foi política. A OMC insistiu na tese de que ela não cumpria um dos requisitos para o posto - o conhecimento de acordos comerciais que são base dos julgamentos. A entidade rejeitou a ideia de que aspectos geopolíticos tenham sido considerados na escolha. O eleito foi o mexicano Ricardo Ramirez.
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