Apenas em 2008, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, passou 97 dias viajando pelo exterior mais de um quarto do ano. Dados da Controladoria Geral da União mostram que ele superou 35 colegas de Esplanada e foi quem recebeu, no ano passado, as maiores verbas para gastar fora do Brasil. Mangabeira embolsou R$ 35.176,30 em diárias, mais de três vezes o seu salário de ministro. No total, o governo gastou R$ 457 mil para bancar despesas pessoais de ministros em viagens internacionais. Além das diárias, eles ainda tiveram direito a passagens de primeira classe, garantidas por decreto, e o apoio das embaixadas dos países visitados.
O segundo lugar no ranking das viagens é ocupado por outro secretário com "status" de ministro: o titular dos Portos, Pedro Brito, que recebeu R$ 28,6 mil em diárias durante o ano passado. Depois dele aparecem Miguel Jorge (Desenvolvimento e Comércio Exterior), com R$ 25,7 mil; Nelson Jobim (Defesa), com R$ 25 mil; e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), com R$ 23 mil.
Professor licenciado da Universidade de Harvard, o filósofo Mangabeira tem aproveitado o cargo para manter os laços com a academia no exterior. Em 2008, seu primeiro compromisso oficial fora do país foi um seminário com intelectuais na Sorbonne, em Paris. De acordo com o site da Secretaria de Assuntos Estratégicos, os debates giraram em torno dos "novos contornos de um movimento internacional de centro-esquerda". A programação também incluiu um encontro reservado com o secretário de Estado para a Cooperação e Francofonia, Jean-Marie Bockel.
Mangabeira foi nomeado com a missão de traçar políticas de longo prazo para o país. Em novembro, ele visitou Israel a convite do ministro da Defesa, Ehud Barak, principal responsável pelos recentes ataques à Faixa de Gaza. Desta vez, o objetivo era trocar experiências sobre operações militares e expedições espaciais. No total, o passaporte do ministro foi carimbado em 14 países diferentes no ano passado. Com seus 97 dias no exterior, ele superou até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou 78 dias fora do país.
Apesar de Lula exaltar as parcerias com África e Ásia como estratégicas, o roteiro de Mangabeira não incluiu qualquer parada nesses continentes. Por meio de sua assessoria, ele atribuiu o posto de campeão das diárias de viagem ao fato de coordenar o Comitê Ministerial de Formulação da Estratégia Nacional de Defesa e o Plano Amazônia Sustentável.
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