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Ricardo Lewandowski, ministro-revisor do mensalão, e Joaquim Barbosa, ministro-relator do mensalão | Gervásio Baatista/STF e Fellipe Sampaio/STF
Ricardo Lewandowski, ministro-revisor do mensalão, e Joaquim Barbosa, ministro-relator do mensalão| Foto: Gervásio Baatista/STF e Fellipe Sampaio/STF

Bate boca

"Se votarmos por núcleo, estaremos seguindo a mesma lógica do Ministério Público e admitindo que existem núcleos, e isso ainda será analisado pelo plenário.’’

Ricardo Lewandowski, ministro-revisor do mensalão, se dirigindo a Joaquim Barbosa.

"Isso é uma ofensa. Não venha Vossa Excelência me ofender!’’

Joaquim Barbosa, ministro-relator do mensalão, rebatendo Lewandowski.

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"Eu quero dizer que essa tentativa ou proposta de fatiar a votação ou a leitura do voto é antirregimental. Eu não abrirei mão de ler o meu voto na integralidade.’’

Ricardo Lewandowski.

"Eu não falei em votar o núcleos. Eu falei que vou votar em itens’’

Joaquim Barbosa.

O início dos votos no julgamento do mensalão acirrou a divisão entre o ministro-relator do processo, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, o que gerou um impasse sobre a metodologia em que as decisões finais serão apresentadas. Barbosa anunciou que faria uma explanação "fatiada", nos moldes de quando a denúncia foi acatada pelo tribunal, em 2007. O método segue o conceito de núcleos (político, operacional e financeiro) estipulado pela Procuradoria-Geral da República e foi contestado por Lewandowski, que chegou a bater boca com Barbosa.

Para o revisor, a adoção do formato implicaria em um julgamento prévio do caso. "Estaremos adotando a ótica do Ministério Público e admitindo que existem núcleos", afirmou Lewandowski. Barbosa se disse ofendido pela colocação, repetindo o tom do primeiro dia do julgamento, há duas semanas, quando acusou o colega de "deslealdade".

Após uma discussão acalorada que envolveu o ministro Marco Aurélio Mello, que disse que não votaria em "doses homeopáticas", o presidente Carlos Ayres Britto disse que cada um poderia votar seguindo a lógica que quisesse. Ao final da sessão, no entanto, Barbosa voltou a protestar e sugeriu que até poderia abandonar a relatoria do caso. A questão só será solucionada na próxima semana.

Se for escolhido o método do "cada um por si", o entendimento final das sentenças ficará embaralhado. Também pode atrapalhar o voto do ministro Cezar Peluso, que se aposenta no próximo dia 3 de setembro.

Marco Aurélio chegou a levantar a hipótese de que, se a apresentação for "fatiada", Peluso pode participar apenas de um pedaço das decisões.Na noite de quarta-feira, Barbosa confidenciou a jornalistas na saída do tribunal que teme que a aposentadoria do colega possa levar a empates entre os ministros, como já aconteceu recentemente na votação sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa.

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