Enquanto Lula quer se descolar do PT, a sigla tenta atrelar seu destino ao do presidente. Alheio ao desgaste sofrido pelo mensalão, o partido faz exigências. As criticas à agenda montada pelo Planalto não se limitam à previsão de eventos partidários apenas nos fins de semana. Dirigentes também não aceitam dividir o palanque de Lula com os aliados, sob o argumento de que pode haver "confrontos físicos" entre militantes. Ricardo Berzoini já foi bombardeado por queixas e o assunto vai voltar à pauta na reunião do comando da campanha, hoje. Enquanto tenta mudar a diretriz palaciana, a máquina petista prepara uma série de pesquisas qualitativas regionais a fim de achar a "liga" entre Lula e os candidatos a governador do partido.
Aparelhos O PT vai usar a rede de movimentos sociais para compensar o pouco tempo de Lula na propaganda de tevê. A partir de agosto, fará plenárias com entidades em 150 cidades. Quer arregimentar 50 mil cabos eleitorais só entre dirigentes sindicais. Cautela Em almoço com um amigo na semana passada, Lula previu que Alckmin chegará a 30% "rapidamente". E disse que espera herdar votos de Heloísa Helena (PSol) e Cristovam Buarque (PDT) num eventual segundo turno. Tudo azul Geraldo Alckmin aproveitará a noite de quinta, na abertura da campanha, para visitar um dos poucos estados em que a candidatura do PSDB à Presidência terá palanque único e forte: Santa Catarina, do governador Luiz Henrique (PMDB). Ampulheta Colocado na parede pelo PFL, Aécio Neves (PSDB) cedeu a vaga ao Senado em Minas a Eliseu Resende. O governador acomodou Clésio Andrade (PL), cuja mulher ocupava o posto, na primeira suplência da chapa. Revolta Não é só no ninho tucano que as coisas estão confusas em Minas. A despeito dos elogios públicos de Lula, o PT se recusa a apoiar Newton Cardoso para o Senado. Quer lançar Virgílio Guimarães ou Tilden Santiago.
Insistência Roberto Freire aproveitou encontro ontem com Alckmin para cobrar, de novo, apoio do PSDB a Rubens Bueno (PPS) no Paraná. Ouviu outro "não". Debandada Lula perdeu o palanque do PMDB em Goiás. "Depois que o PT desistiu de se coligar comigo, ficou difícil. Vai perder 700 mil votos", diz o candidato peemedebista ao governo, Maguito Vilela.
Vôo solo O prefeito de Salvador, João Henrique, não apareceu ao lado de Cristovam Buarque na visita do pedetista à cidade. Da mesma forma, Eduardo Campos (PSB), que tem apoio do PDT, avisou que em seu palanque só há lugar para Lula. Lenço Acabou em lágrimas a novela do apoio do PSDB a João Alves (PFL) em Sergipe. O tucano Albano Franco, chorando, anunciou a aliança, imposta pela cúpula nacional. O presidente estadual do partido, deputado Bosco Costa, se desfiliou em protesto. Debandada Dois dos três deputados estaduais tucanos apóiam Marcelo Déda (PT). Ao sair, Bosco Costa discursou: "Prefiro perder o mandato a perder a vergonha". Separados Também não houve acordo entre tucanos e pefelistas no Piauí. Firmino Filho (PSDB) manteve o veto a Hugo Napoleão, que será lançado pelo PFL em chapa própria para o Senado. Compensação Convencida pelo PSDB a abrir mão da disputa ao Senado, Zulaiê Cobra foi acomodada como primeira suplente de Guilherme Afif Domingos (PFL). Justiceiros A CPI dos Sanguessugas pedirá ao Supremo que suspenda o sigilo dos processos contra 57 deputados. Caso contrário, seus membros ameaçam vazar os nomes para que os acusados no escândalo tenham "o julgamento das urnas". Roteiro vermelho Aldo Rebelo (PC do B) aproveitará o recesso para visitar camaradas pelo mundo. Vai à Itália, onde se reúne com os comunistas locais, e depois à China.
TIROTEIO
* Do deputado Chico Alencar (PSol-RJ), dissidente petista, fazendo uso das recorrentes metáforas futebolísticas do presidente Lula:
- A seleção do Parreira e o governo Lula têm suas semelhanças: avançaram pouco, embolaram pelo centro e frustraram expectativas.
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