Arapoti Assaltantes que rendem famílias inteiras, em casa, para roubar o maquinário de fazendas, roubos à mão armada em pequenas mercearias, seqüestros com pedidos de resgate inferiores a R$ 5 mil. Todos esses casos aconteceram nesses primeiros meses do ano em Arapoti, município nos Campos Gerais com menos de 30 mil habitantes. A sensação de insegurança causada pelos agora freqüentes casos de violência do tipo que antes só acontecia em grandes cidades e era acompanhada, de longe, pela imprensa levou os moradores a tomar uma atitude. Hoje Arapoti deve parar: um protesto contra a violência irá fechar o comércio e interromper o trânsito.
A manifestação está sendo organizada pela Associação Comercial e Industrial, em parceria com quase todas as entidades representativas da cidade. Os organizadores esperam envolver 3 mil pessoas, a pé, empunhando faixas, ou em cima de tratores e colheitadeiras, para representar a preocupação que chegou à zona rural. Os comerciantes já anunciaram que, às 11 horas, baixarão as portas. Por volta do meio-dia, os manifestantes devem chegar à PR-092, que liga a cidade a Wenceslau Brás e Jaguariaíva, e interromper o tráfego de uma das principais ligações entre o Norte do estado e a capital.
O descrédito na polícia chegou ao ponto em que as vítimas deixaram de registrar boletim de ocorrência, conta o presidente da associação, Elias Pascoal Nunes. Só de assaltos a fazendas, promovidos por quadrilhas encapuzadas e fortemente armadas, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Arapoti, Eduardo Schaowiche, já contabilizou 15 casos. Como dono de supermercado, ele fala sem nenhum orgulho que é um dos poucos que ainda não foram roubados. "Espero não entrar nas estatísticas", comenta, preocupado.
A cidade conta com seis policiais militares sendo que a cada turno de 24 horas somente dois estão trabalhando. O conselho chegou a comprar dois telefones celulares para garantir que os policiais seriam localizados quando estivessem na rua, já que a delegacia fica vazia. Se fossem atendidos os padrões internacionais de segurança, que estabelecem como parâmetro a proporção de um policial para cada mil moradores, o efetivo municipal precisaria, no mínimo, triplicar.
Através da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que já está prevista a ampliação do efetivo policial no município, assim que novos profissionais sejam contratados. O delegado da Divisão Policial do Interior, Luiz Alberto Cartaxo, comprometeu-se pessoalmente com autoridades locais a analisar com atenção o caso.
Mas a situação de Arapoti não é exceção. Aliás, o protesto será o segundo do gênero em menos de uma semana. Na sexta-feira, a pequena Tapejara, no Noroeste, também se mobilizou para reclamar da violência.
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