O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (9) uma denúncia contra a mulher do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por lavagem de dinheiro. A denúncia foi oferecida nesta semana pela força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF). Segundo o MPF, as investigações prosseguirão em relação a Daniele Ditz, filha de Cunha, e a outros investigados.
Cláudia Cruz foi denunciada pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo valores provenientes de propina recebida pelo esquema de corrupção na Petrobras. O operador João Henriques, preso em Curitiba, teve nova prisão decretada com base na denúncia oferecida pelo MPF.
De acordo com a força-tarefa, Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava e é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos. O valor seria incompatível com os salários e o patrimônio lícito de seu marido.
Segundo as investigações, as contas de Cunha escondidas no exterior eram utilizadas para receber e movimentar propinas. Por meio da mesma conta Köpek, Claudia também se favoreceu de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão que seu marido recebeu para “viabilizar” a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.
Eduardo Cunha responde no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados a um processo de cassação. Ele é acusado de mentir aos colegas durante a CPI da Petrobras ao negar possuir contas no exterior. Se for cassado, Cunha perde a prerrogativa de foro e passa a ser investigado e processado em primeira instância, sob os cuidados do juiz Sergio Moro, em Curitiba.
Outros réus
Também viraram réus através dessa denúncia Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da estatal petrolífera, pelo crime de corrupção passiva; João Augusto Rezende Henriques, operador que representava os interesses do PMDB no esquema, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e Idalecio Oliveira, empresário português proprietário da CBH (Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl), pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Procuradores comprovaram a partir de documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça ao Brasil, informações obtidas por meio das quebras de sigilo bancário e fiscal e depoimentos de colaborações premiadas, o pagamento de propina num total de US$ 10 milhões (cerca de R$ 36 milhões) para que a aquisição do campo de petróleo na África fosse concretizada. O negócio foi fechado em US$ 34,5 milhões, o que significa que quase um terço do valor total foi destinado a pagamento de vantagem indevida.