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Encontro de parlamentares com o juiz foi realizado em Curitiba, na manhã desta sexta-feira. | Divulgação/Osmar Bertoldi
Encontro de parlamentares com o juiz foi realizado em Curitiba, na manhã desta sexta-feira.| Foto: Divulgação/Osmar Bertoldi

O juiz federal Sérgio Moro autorizou, na manhã desta sexta-feira, que sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras sejam realizadas em Curitiba para ouvir presos da Operação Lava Jato que estão na capital paranaense. A autorização veio depois do pedido de 11 parlamentares que integram a CPI, que vieram à cidade especialmente para isso.

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Entre os 27 membros da CPI, 13 receberam doações de empresas investigadas na Lava Jato, inclusive o presidente

Em visita à Curitiba junto com a comitiva da CPI da Petrobras, o deputado federal Júlio Delgado (PSB) afirmou que não vê contrassenso em investigar a corrupção na estatal e, ao mesmo tempo, ter recebido R$ 380 mil de empresas investigas na Operação Lava Jato na última campanha eleitoral.

“Eu quero ouvir os empreiteiros justamente para saber se as doações foram de recursos lícitos ou ilícitos. Se houver algum constrangimento, sou o primeiro a sair da CPI”, disse.

Em seguida, o deputado afirmou que outros membros da comissão, incluindo o presidente Hugo Motta (PMDB), também receberam recursos das empreiteiras. “Quero ver se eles estão dispostos a fazer a mesma coisa que eu”, provocou.

Segundo levantamento da revista Exame, 13 dos 27 integrantes originais da CPI da Petrobras receberam doações de empresas investigadas na Lava Jato.

Delgado recebeu doações da Andrade Gutierrez (R$ 200 mil), Queiroz Galvão (R$ 100 mil) e Odebrechet (R$ 80 mil). O montante representa 21% do total de doações que o deputado recebeu em 2014. Já Hugo Motta recebeu R$ 454 mil da Andrade Gutierrez e Odebrecht.

As oitivas devem ser feitas na primeira quinzena de maio, provavelmente na Assembleia Legislativa. O local será definido na próxima semana. As sessões devem ser abertas para a imprensa, mas os deputados ainda não definiram como será a logística da transmissão ao vivo.

A comissão ouvirá pelo menos 19 presos da operação encarcerados no Paraná. Novos requerimentos devem ser apresentados nos próximos dias para ouvir pessoas que foram presas recentemente, como o ex-deputado André Vargas (ex-PT).

Segundo o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB), as sessões em Curitiba devem ser concentradas em apenas três ou quatro dias, o que resultaria em pelo menos quatro depoimentos diferentes por dia. Atualmente, cada oitiva realizada na Câmara Federal dura em torno de oito horas.

Integrante da CPI, o deputado federal Ivan Valente (PSOL) reclamou da opção da maioria da comissão de fazer os depoimentos em Curitiba. “Tem uma divergência que ainda teremos que conversar. É que a maioria quer assim, e o [presidente da Câmara] Eduardo Cunha também quer”, afirmou.

Valente também afirmou que o trabalho da CPI seria mais eficiente se ocorresse após a próxima leva de depoimentos que serão prestados à Justiça Federal, que deve ocorrer até dia 11 de maio. Ele disse que iria negociar com os demais integrantes.

Blindagem

A medida de fazer depoimentos em Curitiba desagradou à oposição, que vê uma tentativa de blindar parlamentares do PMDB. Segundo a Gazeta do Povo apurou, integrantes do PMDB estão preocupados porque as oitivas englobam duas peças-chave que podem implicar o partido com os desvios da Petrobras.

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Preso em Curitiba, Fernando Soares, o Fernando Baiano, é apontado como o operador dos pagamentos de propina a parlamentares do PMDB. E o ex-diretor da área de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, segundo as investigações, atuaria como representante do PMDB.

Pelo menos 10 peemedebistas estão sendo investigados na Lava Jato, incluindo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

A expectativa é que as oitivas em Curitiba tenham menos repercussão que as de Brasília, justamente por causa do ritmo mais acelerado dos depoimentos e menos representação da imprensa nacional.

Para Imbassahy, a opção pela vinda da comissão ao Paraná seria menos trabalhosa que a transferência dos detentos para o Distrito Federal, onde a CPI está instalada. “O translado de cada preso é uma logística muito complicada, precisa de aeronave, escolta, entendemos que a vinda para cá seria mais eficiente. Se fizer na ponta do lápis e no desempenho do trabalho, ganhamos em agilidade”, disse.

“Se fossemos levar todos para Brasília, iria demorar seis meses”, disse o deputado Julio Delgado (PSB).

Atualmente, um ato interno da Câmara proíbe que detentos sejam levados para as dependências da Casa. O ato, porém, foi suspenso temporariamente em março, para que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que seria ligado ao PT, pudesse ser ouvido. Duque permaneceu em silêncio.

Delações

Os deputados também solicitaram informações que estavam sob sigilo para Moro, que acatou o pedido. Não foi detalhado quais documentos estão em posse da CPI, mas Imbassahy afirma que foi respeitado o sigilo de alguns dados que poderiam “prejudicar as investigações”. O principal objetivos dos deputados era obter a íntegra das delações premiadas.

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