Pela primeira vez na Lava Jato, o ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher Adriana Ancelmo vão ser interrogados pelo juiz Sérgio Moro no processo que respondem por corrupção e lavagem de dinheiro na Justiça Federal de Curitiba. Em despacho na última sexta-feira, o magistrado mandou a justiça do Rio intimar o casal para que prestem depoimento às 14h do dia 27 na capital paranaense.
Outros réus nessa mesma ação como Carlos Miranda, apontado pela Lava Jato como operador de propina de Cabral, e Wilson Carlos — ex-secretário de governo — também foram intimados para o interrogatório com Moro. Ambos também terão que comparecer pessoalmente à audiência.
Após os interrogatórios com Moro, o juiz determinará que defesa e acusação, no caso o Ministério Público Federal (MPF), apresentadas as chamadas “alegações finais”. Na prática, o juiz estipula um prazo para que os advogados e os investigadores justifiquem as razões que deveriam levar o juiz a condenar ou absolver os réus.
Cabral foi preso na operação Calicute, um desdobramento da operação Lava Jato. Ele seria o cabeça de um esquema de corrupção em obras estaduais que teria desviado mais de R$ 220 milhões. Na ação, o ex-governador é acusado de ter recebido propina da empreiteira Andrade Gutierrez nas obras de terraplanagem do Comperj.
No processo, Moro ouviu ex-executivos da empreiteira que firmaram acordo de delação premiada. Eles confirmaram ao juiz o pagamento de propina ao ex-governador. Também disseram ao magistrado que discutiram o pagamento de vantagens indevidas para Cabral e aliados em reuniões dentro do Palácio Guanabara. Foram ouvidos ainda funcionários que trabalhavam na casa de Cabral e no escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. Duas secretárias de ambos relataram que as despesas médias do casal mensais superavam R$ 100 mil. Elas revelaram ainda que Luiz Carlos Bezerra, outro que a Calicute aponta como operador de Cabral, entregaria mochilas com quantias que chegavam a R$ 300 por semana em dinheiro vivo no escritório de Adriana Ancelmo, na Zona Sul do Rio.
Na semana passada, Moro ouviu lojistas de grifes que venderam bens de luxo a Cabral e Adriana. Eles confirmaram que venderam ao casal ternos italianos, vestidos e até blindagens para carros por meio de pagamentos fracionados feitos em espécie por depósitos bancários em valores que não ultrapassavam R$ 10 mil. Somente quantias acima de R$ 10 mil são comunicadas as autoridades financeiras que combatem práticas de lavagem de dinheiro. A Lava-Jato acredita que essa estratégia pretendia ocultar os valores e escapar do controle das movimentações financeiras feito pela Receita Federal e Ministério da Fazenda.
A ex-primeira dama e Cabral negam as acusações.
Na quinta-feira, o atual governador Luiz Fernando Pezão prestará depoimento a Moro como testemunha de defesa de Cabral.
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