O juiz Sergio Moro disse nesta segunda-feira (23), em São Paulo, que as esferas dos poderes são independentes e que “não deve haver nenhuma interferência do governo”. As declarações vieram após a divulgação de grampos, em que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, fala em pacto para deter a Operação Lava Jato. Em Curitiba, integrantes da força-tarefa da Lava Jato também frisaram nesta segunda-feira, em entrevista coletiva para detalhar a 29.ª fase da Lava Jato, que a operação “não foi e não será barrada por qualquer pessoa no país”.
“ Não teria comentários específicos sobre essa situação concreta [a conversa de Jucá]”, disse Moro. “Existem esferas independentes. Por outro lado, não deve haver nenhuma interferência do governo. Os trabalhos têm que ser independentes.”
Na coletiva que apresentou a 29ª fase da operação em Curitiba, Igor Romário de Paula, da PF, disse, ao ser indagado sobre Jucá, que a “Lava Jato não foi e não será barrada por qualquer pessoa no país”. O delegado disse estar “surpreso” com a divulgação dos grampos, e acha que o caso deve ser apurado no foro adequado. “Nós não damos chance para sofrer esse tipo de influência política”, disse Igor Romário de Paula. “Fomos pegos de surpresa como todos vocês (...). Se houver indícios, eles serão apurados no foro adequado.”
O delegado da PF Luciano Flores, quando indagado se há um temor de um pacto para prejudicar a Lava Jato, declarou que a operação tem “apoio popular” e é imparcial. “O que temos notado é que a Lava Jato adquiriu um patamar republicano e não sofre influências políticas que possam frear essa investigação (...) Estão do nosso lado quando estamos com a razão.”
Luciano Flores aproveitou a coletiva de imprensa que anunciou a operação para defender o Judiciário brasileiro. “Em época poucos distantes, havia um deboche dos órgãos criminais brasileiros. Hoje esperamos que esse deboche dê lugar ao respeito ao Judiciário. Esperamos que a impunidade dê lugar ao medo de ser preso, ao medo de que a investigação é efetiva e condena quem deve condenar e mantém preso quem deve ser preso, pessoas que cometem os mesmos crimes”, disse Luciano.
Rosalvo Franco, superintendente da PF no Paraná, também disse que nunca sofreu interferência política em seu trabalho.
“Não é um seriado”
Sobre a suposta paralisação das investigações da Lava Jato após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Moro rebateu as críticas de a operação está parada. “A Lava Jato não é um seriado. Existe um trabalho de investigação que é feito em quatro paredes, realização de audiências. O trabalho continua.”
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