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Moro arrancou risos da plateia ao dizer aos empresários da construção civil que não se preocupassem. | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Moro arrancou risos da plateia ao dizer aos empresários da construção civil que não se preocupassem.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O juiz federal Sergio Moro disse na quarta-feira (14) que questiona a si próprio se um dia as investigações da Operação Lava Jato vão terminar, diante da dimensão dos escândalos que chegam à Justiça. Moro lembrou que a Petrobras não foi a única estatal atingida pelo esquema. “Há indícios de que esquemas similares de corrupção ocorreram em obras de outras estatais. Até eu posso dizer, como juiz, que muitas vezes ficamos preocupados, diante da dimensão dos casos que vão sendo trazidos a nós pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, em saber se um dia vai terminar”, afirmou.

As declarações de Moro foram dadas na noite da quarta-feira (14) em uma palestra na sede do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), em Curitiba. Foi a primeira vez que o juiz da Lava Jato falou para empresários da construção civil – setor mais afetado pelas investigações.

Moro agradeceu o convite do Sinduscon. “Fico feliz quando vejo um ramo da economia atingido colateralmente por essas investigações me fazer um convite para falar. Não temos interesse em prejudicar quem quer que seja”, disse. Ao afirmar que a construção civil é um ramo que está na mira da Lava Jato, Moro arrancou risos da plateia: “Não se preocupem, os investigados são um número limitado de empresas”.

O presidente do Sinduscon reafirmou o apoio da categoria às investigações. “Fizemos questão de convida-lo [Sergio Moro] para vir aqui e reforçar que este trabalho conjunto entre Justiça Federal, Policia Federal e Ministério Público Federal irá beneficiar nosso setor e a sociedade como um todo”, disse José Eugenio Souza de Bueno Gizzi. “Estão nos dando a oportunidade de passar o país a limpo”, completou.

Durante a palestra, Moro citou o caso da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, como um exemplo de como a corrupção prejudica o país. “Resta sempre aquela dúvida de como se chegou de U$$ 2 bilhões a U$$ 18 bilhões [o custo de construção da refinaria]”, disse. “Eu ouvi, como testemunhas no processo [da Lava Jato], alguns empregados da Petrobras, principalmente da área técnica. E alguns desses empregados afirmaram, em relação à Abreu e Lima, que se ela funcionar otimamente durante toda a vida útil dela, ela não se paga.”.

Moro também aproveitou a palestra para rechaçar a afirmação de que a Operação Lava Jato é responsável pela crise econômica no país. “No fundo ,os problemas que estamos enfrentando na nossa economia são mais complexos. Pode-se até afirmar circunstancialmente que esses processos geram a curto prazo algum impacto em matéria de investimento, pelo menos dessas grandes empresas [envolvidas]. Mas a responsabilidade por conta disso é que esses problemas alcançaram um nível tal que a resolução atual deles atinge esses custos enormes”, disse.

Página virada

Também participou do mesmo evento no Sinduscon o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Roberson Pozzobon, integrante da força-tarefa da Lava Jato. “A Lava Jato revela hoje um esquema de desvios de proporções nunca antes vistas”, disse o procurador . “Precisamos que esse modelo empresarial corrupto organizado seja uma página virada.”

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