“Temos confiança que o novo governo não vai de maneira nenhuma tentar obstruir os trabalhos da Justiça”, declarou o juiz federal Sergio Moro, responsável por parte das ações da operação Lava Jato, em evento na Justiça Federal em Curitiba, na noite desta quarta-feira (1º).
O magistrado direcionou a declaração ao novo Advogado-Geral da União (AGU), Fabio Medina Osório, presente no encontro. “Mais do que isso, considerando até a sua qualificação, acreditamos que o novo governo vai tentar alterar o quadro institucional para melhoria do sistema para prevenir o quadro de corrupção sistêmica”, continuou Moro.
Citando o recente novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), de que réus condenados em segunda instância devem ser presos, Moro lembrou que é preciso mudar as instituições para que elas funcionem de maneira mais eficaz. “São necessárias mudanças para combater essa criminalidade que nos perturba e entristece”, ressaltou.
Em resposta, o Advogado-Geral discursou ressaltando o trabalho de Moro e o compromisso de apoio do governo a iniciativas como a da Lava Jato. “É um paradigma que tem que se infiltrar na sociedade. As instituições republicanas devem andar em conjunto para aumentar o combate às mazelas que atuam no país”, afirmou. Ele disse ainda que a operação “é uma nova referência para o país”.
“Gostaria de homenagear o juiz federal Sergio Moro que é referência da Justiça brasileira, que retrata um trabalho institucional e que reflete o trabalho de magistrados anônimos do país, simbolizando o que há de melhor na magistratura. Não poderia deixar de vir para prestar essa palavra e expressar qual será a nossa postura”, declarou Osório, em comprometimento com a operação.
Homenagem
Moro e outros membros do Judiciário, bem como integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), receberam uma homenagem da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) durante abertura no Fórum Nacional de Administração e Gestão Estratégica da Justiça Federal. De acordo como presidente da Ajufe, Antonio Cesar Bochenek, o prêmio é pelo “papel no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro”.
Em seu discurso, o magistrado pediu desculpas por se alongar na fala, justificando que não tem “oportunidade” de agradecer. Ele lembrou membros do Poder Judiciário, servidores que trabalham “com grande desgaste pessoal”, e a família. “É um trabalho de desgaste não só do juiz, mas também da família”, disse, citando “momentos de tensão” e “ataques pessoais” que já sofreu durante a condução dos trabalhos à frente dos processos da Lava Jato.
A delegada Erika Marena representou a PF no evento. “[A Lava Jato iniciou] em meados de 2013, a partir de um caso complexo, mas sem muitas condições de investigações, começou solitário, com dificuldades, mas com muita persistência, até hoje é um grande exemplo para todos nós. Hoje trabalhamos com uma equipe não tão grande, mas valorosa e valente, que se esforça e tem compromisso com o que faz e é em nome dela que recebemos essa homenagem”, discursou. A delegada encabeça a lista tríplice para a direção-geral da PF.
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