Moro quer fechar participação na Lava Jato até o fim do ano, mas operação continua

• 0

A cada nova fase deflagrada da Operação Lava Jato, a expectativa do juiz federal Sergio Moro, que conduz os casos na Justiça Federal em Curitiba, de ver o caso encerrado ainda este ano parece ficar mais distante. No mês passado, Moro afirmou que como a maioria das empresas investigadas já foi acusada ou julgada, o trabalho não deve demorar a acabar na primeira instância. Mas, se depender da força-tarefa que investiga o caso, a previsão do juiz pode não se confirmar.

Recentemente a Polícia Federal deflagrou a 33ª fase da Lava Jato, cujo alvo foi a empreiteira Queiroz Galvão. pelo nome escolhido para batizar a nova etapa – Resta Um –, a impressão poderia ser de que se está prestes a chegar no desfecho final da operação. Segundo a força-tarefa, porém, o nome “remete tão somente ao fato de se tratar da última empresa de grande porte investigada na formação do cartel junto a Petrobras, não remetendo a um possível encerramento das investigações da Operação Lava Jato que busca alcançar ainda diversos outros fatos criminosos e demais empresas e pessoas participantes de negócios ilícitos junto a estatal”.

Após vazamento de citação a ministro do STF, Janot suspende delação de Léo Pinheiro

Leia a matéria completa

Na última segunda-feira (15), Moro aceitou mais uma denúncia do MPF envolvendo a Lava Jato. Viraram réus 14 envolvidos em irregularidades na construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras no Rio de Janeiro. A denúncia é um desdobramento da 31ª fase da Lava Jato, batizada de Abismo.

Ex-presidente na mira

Um dos caminhos que ainda parece longo para a investigação é o envolvimento do ex-presidente Lula no esquema. O petista pode ser o último “peixe grande” fisgado pelas investigações da maior operação contra a corrupção da história do país.

A Polícia Federal começou o cerco a Lula já em agosto de 2015, na deflagração da 17ª fase da Lava Jato, que levou a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. De lá para cá, a operação tem chegado cada vez mais perto do ex-presidente.

Pelo menos quatro linhas de investigação contra o petista estão em aberto na Lava Jato. Uma delas trata da propriedade de um sítio em Atibaia, interior de São Paulo. Um laudo da Polícia Federal apontou que a propriedade só tem indícios de utilização por parte da família de Lula, embora a defesa do ex-presidente negue que ele seja o real proprietário. O sítio passou por reformas com mão de obra das empreiteiras OAS e Odebrecht.

Outra investigação é em relação às condições de compra de um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo. O imóvel foi vendido à família de Lula pela Construtora OAS, que também foi responsável pela reforma do local, e a força-tarefa investiga se a transação pode ter sido uma maneira de pagamento de propina ao petista.

Também não ficou claro ainda o envolvimento do ex-presidente em relação ao Caso Celso Daniel, que voltou à tona com a deflagração da Operação Carbono 14. A força-tarefa investiga um esquema de lavagem de cerca de R$ 12 milhões, que teriam sido emprestados pelo Banco Schahin ao pecuarista e amigo pessoal de Lula José Carlos Bumlai. Parte do dinheiro – R$ 6 milhões – teria sido usada para pagar o empresário Ronan Maria Pinto. O empréstimo teria sido realizado para comprar o silêncio do empresário, que ameaçava envolver o ex-presidente Lula e pessoas próximas a ele no caso Celso Daniel. Em 2002, o então prefeito de Santo André Celso Daniel foi sequestrado ao sair de uma churrascaria. Ele foi torturado e morto com 13 tiros. As investigações da Polícia não são conclusivas em relação ao assassinato.

Também precisam de explicação pagamentos para a LILS – empresa de palestras do ex-presidente – e doações para o Instituto Lula investigados na Operação Aletheia, que teve o ex-presidente como alvo em março desse ano. Segundo o MPF, as cinco maiores empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 60% das doações ao Instituto Lula e 47% dos pagamentos por palestras entre 2011 e 2014. O valor chega a R$ 30,7 milhões - R$ 20,7 milhões foram destinados ao instituto e R$ 10 milhões para a LILS, empresa de palestras de Lula.

Denúncia

No mês passado, o MPF de Brasília apresentou a primeira denúncia contra Lula na Lava Jato. O ex-presidente foi acusado junto com Delcídio Amaral, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e mais três pessoas de atrapalhar as investigações da operação. Segundo a denúncia, os acusados tentaram comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não firmasse um acordo de colaboração premiada.