Um dos pioneiros do movimento de luta contra a discriminação racial no Brasil, o ator, diretor, dramaturgo e político Abdias do Nascimento morreu ontem no Hospital Federal dos Servidores, no Rio de Janeiro, aos 97 anos. A família e o hospital não informaram a causa da morte. Mas ele estava internado havia um mês.
Perseguido pela ditadura militar, precisou deixar o país no fim dos anos 60 e, depois de voltar ao Brasil, engajou-se na militância partidária, pelo PDT, tendo sido o primeiro deputado negro do país, segundo o PDT. Ele assumiu o cargo em 1983, eleito pelo Rio de Janeiro. O ativista também foi suplente de Darcy Ribeiro no Senado e assumiu a cadeira entre 1991 e 1992 e de 1997 a 1999.
Sempre que tinha oportunidade, denunciava a situação de inferioridade social dos negros brasileiros. Segundo dados do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), foi de autoria de Nascimento o primeiro projeto de lei de políticas afirmativas da história do Brasil.
Abdias nasceu em 14 de março de 1914 na cidade de Franca, no interior de São Paulo. Filho de uma doceira e de um sapateiro, viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, onde se formou em Economia.
Começou a militar na década de 30, quando ingressou na Frente Negra Brasileira. Em uma viagem pela América do Sul com um grupo de poetas, assistiu a um espetáculo onde um ator branco pintava o rosto para interpretar um negro.
O episódio o levou a fundar o Teatro Experimental do Negro, em 1944, após ter cumprido pena durante o governo de Getúlio Vargas Abdias foi preso por resistir a agressões racistas.
O Teatro Experimental do Negro formou a primeira geração de atores e atrizes afrodescendentes do Brasil, e também contribuiu para a criação da literatura dramática negra.
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