Nacionalmente conhecido como o cirurgião plástico que mudou o rosto do guerrilheiro Carlos Lamarca (1937-1971), o médico Afrânio Marciliano de Freitas Azevedo morreu aos 74 anos no início da tarde desta sexta-feira (13), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Segundo o Hospital Santa Catarina, Azevedo chegou a dar entrada no local com parada cardiorrespiratória.
Discípulo de Ivo Pitanguy e comunista na juventude, o médico fez a cirurgia em Lamarca em 1969. Na época, o guerrilheiro já era desertor do Exército - onde chegou ao posto de capitão - e procurado por todo o país pelos militares durante a ditadura de 1964-85.
Sobre a cirurgia, Azevedo contou no ano passado que foi convidado para operar Lamarca sem saber de quem se tratava, mas que acabou lucrando depois com a operação. "Fiquei famoso com o caso e ganhei muito dinheiro operando desde artistas da Bossa Nova até mulheres e familiares de generais e militares."
Pela cirurgia, o médico acabou preso. Ficou 73 dias detido, mas disse que não foi torturado provavelmente porque o pai de sua mulher era general e atuava na época no Ministério da Guerra.A prisão e a publicidade do caso acabou originando o apelido de "Cirurgião do Terror", expressão que ele não considerava pejorativa.
Apesar da mudança no rosto, Lamarca, que liderou a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) - uma das organizações clandestinas contra o governo militar - acabou morto durante perseguição no interior da Bahia, em 1971.
Vida em Uberlândia
Nascido em Uberlândia, Azevedo estudou na Faculdade Nacional de Medicina da Praia Vermelha, hoje UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), militou na UME (União Metropolitana dos Estudantes) e participou de movimentos contra ditadura.
O cirurgião morava em Uberlândia, onde foi secretário de Educação de três prefeitos de partidos diferentes: Virgílio Galassi (1989-1992), do PDS; Paulo Ferolla (1993-1996), PTB; e Odelmo Leão (2005-2012), PP.
O corpo será velado na Câmara Municipal de Uberlândia e cremado na manhã deste sábado (14) no cemitério Parque dos Buritis, na mesma cidade. Azevedo era casado. Deixa duas filhas e dois netos.
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Deixe sua opinião