Ex-prefeito tentou mudar nome da cidade para Bocayork
Os dois mandatos como prefeito da cidade de Bocaiuva do Sul, na região metropolitana de Curitiba, serviram para que Élcio Berti ficasse conhecido por suas ideias nada convencionais, mas também pela luta pela pavimentação da Estrada da Ribeira.
O político tentou construir um aeroporto para discos voadores, que se chamaria "ovniporto". Para tentar aumentar a população do município, Berti distribuiu amendoim, que ele chamou de "Viagra de pobre", e ainda proibiu o uso de preservativos na cidade. Uma outra ideia do ex-prefeito foi mudar o nome da cidade. A intenção era trocar Bocaiuva para Bocayork, em uma alusão a Nova York. Ele alegava que as pessoas só dão valor ao que é internacional. (KK)
O ex-prefeito de Bocaiuva do Sul Élcio Berti (DEM), 59 anos, morreu ontem às 17h35, no Hospital Santa Casa de Curitiba. Internado desde 24 de dezembro do ano passado, Berti lutava contra um câncer no estômago. No fim da tarde de ontem, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória depois de sofrer falência múltipla dos órgãos complicações decorrentes da doença. Berti deixa esposa e dois filhos.
Famoso pelos projetos e atos polêmicos, Élcio Berti comandou Bocaiuva do Sul por dois mandatos, de 1997 a 2004. Durante a sua gestão, ele chegou a baixar um decreto proibindo que casais homossexuais morassem na cidade. Com a determinação, a polícia abriu um inquérito contra Berti por preconceito e abuso de autoridade. O ex-prefeito acabou, dias depois, afirmando que o decreto era uma "brincadeira".
Berti prometeu ainda construir um "ovniporto" para receber "visitantes" de outros planetas e chegou a distribuir amendoins em saquinhos, que ele chamou de "viagra de pobre" uma paródia ao medicamento contra a impotência sexual masculina. O ex-prefeito, em outra ação de marketing para divulgar Bocaiuva, encomendou uniformes para os presos na delegacia do município.
"Eu admirava o Élcio Berti pelas ousadias dele, que marcaram. Pelo menos levantava o nome de Bocaiuva do Sul", disse o deputado estadual Geraldo Cartário (PDT).
Berti começou a vida como empresário no ramo de azulejos. Antes de entrar para a política, ele foi radialista esportivo, mantendo por dez anos um programa voltado para o futebol amador.
Na última eleição para deputado estadual, em 2006, Berti disputou uma cadeira na Assembleia, mas acabou desistindo. Em março do ano passado, mais uma disputa, agora pela presidência da Federação Paranaense de Futebol e novamente a desistência. Berti ainda ocupou o cargo de chefe de gabinete da esposa, quando Lindiara Santos Berti (PDT) foi prefeita de Bocaiuva. Nos últimos anos se dedicou à paixão: o futebol amador.
A doença
Há pelo menos seis meses, Berti fazia tratamento na Santa Casa de Curitiba e passou por dois ciclos de quimioterapia que não retardaram a doença. O oncologista Rodrigo Rigo, que assinou o atestado de óbito e atendeu o ex-prefeito durante o tratamento, contou que nesta semana o câncer progrediu. "Na terça-feira constatamos a deteriorização do quadro clínico dele. Infelizmente sabíamos que o tempo estava acabando", disse.
Apesar do quadro clínico, o médico afirmou que o ex-prefeito estava sempre bem-humorado e costumava conversar com os pacientes do hospital. "Ele era muito afável, se relacionava bem com todo mundo e nunca se mostrou revoltado com a doença", diz Rigo.
O ex-prefeito morava em Palmeira. A mulher trabalha na Secretaria de Saúde da cidade. O enterro de Berti será hoje às 16 horas no Cemitério de Bocaiuva do Sul.
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