Tuma: do Dops para o Senado| Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

Cronologia

A carreira política de Tuma começou em 1994. Relembre:

1931 – Nasce em São Paulo no dia 4 de outubro.

1951 – Ingressa na Polícia Civil.

1967 – É promovido a delegado. Dois anos depois, começa a trabalhar no Dops.

1983 – Transferido para a Polícia Federal.

1983 – Nomeado diretor da PF.

1994 – Eleito senador.

1998 – Sofre um infarto e coloca quatro pontes de safena.

2000 – Derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo.

2002 – Reeleito senador.

2010 – Não consegue se reeleger ao Senado.

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São Paulo - Morreu ontem em São Paulo, aos 79 anos, o senador Romeu Tuma, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado desde o dia 1.º de setembro no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, onde foi submetido a uma cirurgia para a colocação de um coração artificial, dispositivo utilizado em casos de insuficiência cardíaca. Tuma foi internado inicialmente para tratar um quadro infeccioso de afonia, mas apresentou insuficiências cardíaca e renal. O senador também era diabético e em 1998 foi submetido a uma operação para colocação de quatro pontes de safena.

Descendente de sírios, Tuma iniciou sua carreira na Polícia Civil de São Paulo em 1951. Formou-se em Direito pela Pontifícia Uni­versidade Católica de São Paulo em 1967, quando se tornou delegado. Em 1969 começou a trabalhar com o delegado Sérgio Paranhos Fleury no Serviço de Inteligência do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops), órgão que atuava na repressão a organizações de esquerda durante a ditadura militar (1964-1985). Também colaborava com o Serviço Nacional de Informações (SNI).

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No Dops, Tuma teria conquistado a simpatia de militantes de esquerda. "O Tuma mandava o carcereiro me chamar para ler todos os jornais e falava para mim: ‘Você não conta para ninguém lá embaixo que você leu’", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em depoimento na propaganda eleitoral do senador deste ano. Tuma teria ainda permitido a saída de Lula da prisão para o enterro de sua mãe, dona Lindu, em 1980.

Em novembro de 1982, depois que o PMDB venceu a eleição para o governo de São Paulo, Tuma levou os arquivos do Dops paulista para a Polícia Federal, para evitar que a oposição tivesse acesso aos documentos. Em 1983 assumiu a superintendência da Polícia Federal em São Paulo, quando ficou conhecido como "xerife". Em junho de 1985, ficou conhecido pela identificação da ossada do nazista Josef Mengele.

Foi diretor-geral da Polícia Federal no governo de José Sarney e com eleição do presidente Fernando Collor, em 1989, foi convidado para acumular a direção da PF com a da Receita Federal. Pediu demissão em maio de 1991. No ano seguinte foi nomeado assessor do governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho.

Em 1994, se elegeu senador pelo PL, com mais de 5,5 milhões de votos. Em 2000, ficou em quatro lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo. Dois anos depois se reelegeu senador, com 7,2 milhões de votos. Neste ano, com 3,9 milhões de votos, não se reelegeu.

No final de 2009, o Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu denúncia contra Tuma por ocultação de cadáveres durante a ditadura militar (1964-1985). Em junho deste ano, seu filho Romeu Tuma Jr. foi exonerado do cargo de secretário nacional de Justiça em decorrência de uma série de denúncias sobre seu suposto envolvimento com a máfia do contrabando de produtos falsificados.

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Romeu Tuma era casado com a professora Zilda Dirame Tuma e deixa nove netos e quatro filhos, entre eles Romeu Tuma Jr., o ex-deputado federal Robson Tuma e o médico Rogério Tuma. O corpo está sendo velado na Assembléia Legislativa de São Paulo. O enterro será hoje, às 15 horas, no Cemitério São Paulo.