Rio (AE) Emilinha Borba morreu no início da tarde de ontem, em decorrência de problemas cardíacos, em sua casa no Rio, segundo o médico da família. Ela sofreu um enfarte por volta das 14h30 enquanto almoçava em sua casa, em Copacabana (zona sul do Rio). Rainha do Rádio, sucesso nacional nos anos 40 e 50, completara 82 anos em 4 de setembro. Fez uma festa na Sala Baden Powell, também para comemorar sua recuperação de um tombo que sofrera em junho e a deixou internada durante quase um mês, com traumatismo craniano. O velório da cantora será na Câmara Municipal do Rio e o enterro no Cemitério do Caju hoje às 17 horas.
Ao passar mal e morrer, Emilinha estava com a secretária, Zaira Peçanha, e a sobrinha Elizabeth, que haviam se mudado para seu apartamento após o acidente.
"A Emilinha estava quase recuperada e ia ver a Marília Pêra como Carmem Miranda esta semana", disse o presidente de seu fã-clube, Mário Lima. "Na última quarta-feira participou do jantar dos 70 anos da Rádio Tupi e já queria voltar às suas atividades normais."
Ex-rival
A cantora Marlene, sua maior rival nos tempos da Rádio Nacional, mas sua amiga de longa data, não pôde receber a notícia. "Ela saiu do CTI há duas semanas e não agüentaria saber da morte da Emilinha", disse sua secretária Almerinda Manoela da Silva. "Elas são muito ligadas. Ontem (domingo) falaram pelo telefone. Hoje (ontem), falou nela."
Emília Pavana da Silva Borba nasceu no bairro da Mangueira, no Rio, e sempre foi ligada à escola de samba, mas a carreira começou no Cassino da Urca, graças a Carmem Miranda. Uma tia de Emilinha, camareira da Pequena Notável, contou que a sobrinha a imitava em programas de calouros. Emocionada, Carmem pediu ao proprietário do Cassino, Mário Rolla, que a contratasse como cantora.
"Eu ficava só nas coxias porque era menor de idade", contou. Foi lá que o cineasta Orson Welles a viu e se apaixonou, quando esteve aqui patrocinado pelo governo americano. O diretor de "Cidadão Kane" quis levá-la para Hollywood, mas ela nem ligou. "Não tinha a menor importância para mim. Eu era tão novinha que não dava a menor bola para ele."
Fez bem porque não teria lá o sucesso que alcançou aqui, especialmente nos anos 50, quando se tornou a Preferida da Marinha e lançou sucessos como "Aqueles Olhos Verdes, Catito, Chiquita Bacana, Dez anos e Se queres Saber". O carnaval não começava sem sua marchinha do ano ("Pó de Mico, Se a Canoa não Virar, Cabeleira do Zezé, Mulata Bossa Nova", etc). Ela também fazia sucesso no meio do ano. Lançou 89 elepês, 71 compactos e 117 discos de 78 rotações.
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