Morreu nesta quinta (5), aos 75 anos, o capitão reformado Homero Cesar Machado, citado em entrevista pela presidente Dilma Rousseff como uma das pessoas que dirigiam as torturas que ela sofreu durante a ditadura (1964-1985).
O corpo foi cremado às 10h desta sexta (7) na Vila Alpina. A reportagem não conseguiu falar com familiares de Machado, nem descobriu a causa da morte.
Relatório da Comissão da Verdade aponta Machado como torturador de ao menos quatro militantes durante a ditadura militar. Ele foi dirigente da Oban (Operação Bandeirante) e chefe de interrogatório do Doi-Codi de 1969 a 1970.
Segundo o documento, ele foi responsável por “tortura até a morte e ocultação de cadáver” de Virgílio Gomes da Silva, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) preso em São Paulo em 29 de setembro de 1969.
Virgílio foi morto horas depois de ser preso, sob tortura, aos 36 anos, na Oban. Ele participara do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em troca da libertação de presos políticos brasileiros.
Machado também foi apontado pela comissão como um dos autores de torturas do frade dominicano Frei Tito (1945-1974), que se suicidou anos mais tarde em decorrência de sequelas das sevícias.
Conheça o coronel Ustra, homenageado por Bolsonaro e chefe do temido DOI-Codi
Leia a matéria completaO documento ainda aponta Machado como comandante das equipes de tortura de Roberto Macarini, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) morto aos 19 anos na sede da Oban, e como torturador de Heleny Ferreira Telles Guariba, militante da VPR desaparecida em julho de 1971.
Em entrevista publicada na Folha de S.Paulo em 2005, Dilma relatou como foi torturada durante o tempo em que ficou presa, de janeiro de 1970, quando tinha 22 anos, a 1973. Dilma era militante política -integrou o Colina (Comando de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares).
“Levei muita palmatória”, disse. Em resposta à pergunta “Quem batia?”, respondeu: “O capitão Maurício sempre aparecia. Ele não era interrogador, era da equipe de busca. Dos que dirigiam, o primeiro era o Homero, o segundo era o Albernaz.”
A presidente relatou também ter recebido choques nos pés, nas mãos, coxas, orelhas, na cabeça e no bico do seio.
Em 2012, manifestantes promoveram um “escracho” em frente à casa do militar, na região da av. Paulista.
No ato, organizado pela Frente de Esculacho Popular, manifestantes gritaram “você é torturador, não vai ter sossego” e distribuíram um panfleto de “alerta à vizinhança”: “Você sabia que neste bairro mora Homero César Machado, um dos principais torturadores da ditadura civil-militar?”.
O grupo colocou uma coroa de flores na entrada do edifício e pendurou nas grades do prédio uma faixa com a pergunta “Quem torturou Dilma Rousseff?”.
Na ocasião, moradores do prédio se disseram surpresos com a informação de que “seu Homero” havia atuado na ditadura.
“O pecado mora ao lado de verdade”, afirmou uma vizinha.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Projeto que eleva conta de luz em 7,5% avança no Senado e vai para o plenário
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião