Morreu na madrugada de ontem, em São Paulo, o ex-deputado federal José Janene, 55 anos, um dos acusados de envolvimento no escândalo do mensalão, em 2005. Ele estava internado no Instituto do Coração (Incor), na capital paulista, desde o dia 4 de agosto, onde aguardava um transplante de coração. O corpo está sendo velado na Mesquita Rei Faiçal, em Londrina, no Norte do estado, e o enterro está marcado para as 10 horas de hoje, no Cemitério Islâmico. O prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), decretou luto oficial de três dias na cidade.
Janene era líder do PP no Congresso quando estourou o escândalo do mensalão, em 2005. Apontado como "tesoureiro" do PP durante o escândalo, era réu no processo que apura o esquema e respondia a uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões, repassados pelo esquema operado pelo publicitário Marcos Valério. Ele teria recebido o dinheiro, em nome de seu partido, para votar favoravelmente ao governo federal. Na ação, Janene era acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-deputado sempre negou participação no esquema.
Para fugir à cassação de seu mandato, Janene pediu aposentadoria por invalidez na Câmara Federal. A aposentadoria foi concedida e ele recebia o valor integral de R$ 12,8 mil. Absolvido pela Câmara dos Deputados em 2006, o ex-deputado se viu às voltas com sua doença, chamada miocardiopatia dilatada, que enfraquece a musculatura do coração e cujo tratamento padrão é o transplante.
Influência
Janene foi eleito deputado federal três vezes, em 1994, 1998 e 2002. Antes, em 1992, emplacou o irmão, Assad Jannani, como vice-prefeito de Londrina. O prefeito era Luiz Eduardo Cheida (hoje no PMDB, à época no PT) . Lançou a candidatura do ex-prefeito Antonio Belinati (PP).
Em 1997, ainda com Belinati na prefeitura, Janene foi acusado de participação no esquema conhecido como Ama-Comurb. Foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná em 11 ações por desvios de recursos da prefeitura. Nenhuma das ações avançou.
Mesmo depois de se aposentar, Janene não deixou de ter influência em seu partido e no Palácio do Planalto. Chegou a ensaiar um retorno à política neste ano, mas um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no início de fevereiro, o impediu de disputar uma vaga na Câmara. Em agosto, durante uma cirurgia para ajustar o aparelho que usava para controlar os batimentos cardíacos, sofreu uma parada cardíaca.
Segundo o irmão do ex-deputado, Faiçal Jannani, na manhã de segunda-feira Janene teve uma parada cardíaca. "Infelizmente, não foi possível ocorrer o transplante. Os médicos estavam esperando ele se recuperar", disse. "Ontem [segunda] ele piorou, foi entubado e, no final da noite, teve uma parada cardíaca irreversível."
O Incor comunicou que Janene morreu em consequência da evolução de quadro de choque séptico. Na semana em que esteve internado na UTI, depois de sair do coma induzido por oito dias, o ex-parlamentar chegou a se comunicar com os familiares pelos olhos e balançou a cabeça sinalizando que estava entendendo o que os parentes diziam.
Além do prefeito de Londrina, passaram ontem pelo velório o ex-prefeito Nedson Michelleti (PT), os deputados federais Luiz Carlos Hauly (PSDB) e André Vargas (PT) e o líder do PP na Câmara, João Pizzolatti.
José Mohamed Janene nasceu em Santo Inácio (SP) em 12 de setembro de 1955, mas fez carreira como empresário, pecuarista e político em Londrina. Separado, deixa cinco filhos de dois casamentos, além de três netos.
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