Brasília (Folhapress) A socióloga Ivone Santana, namorada de Celso Daniel quando ele foi morto em 2002, disse ontem não acreditar em motivação política no assassinato do prefeito de Santo André e desqualificou gravações nas quais seu nome é citado.
Questionada sobre uma conversa telefônica na qual ela teria sido orientada pelo hoje chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, a se passar por uma "viuvinha sofrida", ela negou o diálogo. "A fita (foi) gravada ilegalmente, eu não tive acesso e ainda tenho que dar conta de respostas. Isso não aconteceu", disse.
Ela foi a segunda pessoa a ser ouvida ontem pela CPI dos Bingos, logo após Roseana Garcia, viúva do prefeito morto de Campinas Antônio da Costa Santos.
Em depoimento à mesma comissão, o juiz federal afastado João Carlos da Rocha Mattos, preso pela Operação Anaconda, afirmou ter tido acesso a escutas ilegais, que continham os diálogos entre Santana e Carvalho. Oficialmente, as fitas foram destruídas em 2003 por determinação dele quando ocupava o cargo de juiz da 4.ª Vara Criminal de São Paulo, mas ele diz haver cópias.
Ontem, Santana fez diversas referências a Carvalho, a quem chamou de "Gil" e classificou como um "homem de confiança" de Daniel e um "presente" dentro da prefeitura. Disse, entretanto, ter uma reclamação sobre a conduta de Carvalho no caso.
"O Gil colocou na cena os irmãos como se representassem a família do Celso. Eu fiquei velando o corpo e as pessoas fazendo outras coisas. Quem deu legitimidade para os irmãos representarem a família foi o Gil", disse ela, que também criticou os irmãos de Daniel, João Francisco e Bruno.
Segundo ela, Daniel não tinha "proximidade" com eles. "A forma como os irmãos têm feito causa mais estrago do que benefício", afirmou. Os irmãos de Daniel já prestaram depoimento à CPI e contestam a versão de crime comum, alegando que a morte pode ter sido motivada por esquema de propina na prefeitura.
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