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O Conselho Regional de Medicina entrega na sexta-feira um novo relatório ao Ministério Público sobre as mortes ocorridas em São Paulo durante a semana dos ataques terroristas impostos pelo crime organizado. Nos 23 postos do Instituto Médico Legal no estado, chega a 400 o total de mortos por arma de fogo entre os dias 12 e 20 de maio. Até agora, o número de mortos chegava a 132, mas se limitava a casos da Grande São Paulo.

Segundo Desiré Carlos Callegari, presidente do CRM, o número de mortos por arma de fogo costuma ser 4,55% do total recebido pelos IML. Na semana do horror, no entanto, o percentual chegou a 71,88% no dia 13 de maio (sábado, um dia após o início dos atentados) e a 64,71% no dia 15.

A nova informação foi divulgada justamente no dia em que entidades de Direitos Humanos se reúnem com o Ministério Público para buscar informações sobre o andamento das investigações sobre as mortes do período. Um perito da Unicamp já foi convidado pelas entidades para analisar os laudos.

Também nesta terça-feira o secretário de Segurança Pública do estado, Saulo de Castro Abreu Filho, compareceu à Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa do estado para falar sobre a segurança no estado. Numa atitude que surpreendeu os deputados, Saulo foi à Assembléia acompanhado de 70 PMs fardados e 30 viaturas policiais foram estacionadas no pátio da casa. Toda a cúpula da Polícia Civil acompanhou o secretário. O depoimento durou mais de cinco horas, mas o secretárionão respondeu as perguntas feitas pelos deputados, especialmente os de oposição. Ele disse que qualquer informação sobre os ataques poderia atrapalhar as investigações.

A secretaria estadual de Segurança Pública informou que não vai comentar a nova lista que o CRM encaminhará ao Ministério Público. Mas lembrou que entre as mortes que ocorrem na cidade, por arma de fogo, há casos de crimes passionais, assaltos, suicídios.

Para Frederico dos Santos, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, o aumento do número de mortos registrado pelo Instituto Médico Legal (IML) no estado de São Paulo reforça a suspeita de que houve abuso da polícia e mostra a falta de transparência na divulgação dos dados da Secretaria de Segurança Pública.

Santos, que está reunido nesta tarde com integrantes da Comissão Especial de Direitos Humanos, criticou o secretário Saulo de Castro Abreu Filho e disse que sempre teve dificuldade de obter dados sobre crimes ocorridos em São Paulo.

- A Secretaria de Segurança Pública, principalmente depois da entrada do Saulo, nunca agiu com transparência. Sempre tivemos dificuldade em obter dados. Não só neste caso, emblemático pela repercussão, mas em outros tantos. Eles omitem os dados e não agem com transparência. Não dialogam com a sociedade civil.

Para Santos, a maioria dos 400 mortos por arma de fogo, nos 23 IMLs do estado, deve estar relacionadas aos ataques.

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