Centenas de motoboys estão realizando nesta quinta-feira um grande protesto contra a Prefeitura pelas principais ruas e avenidas da capital paulista. No momento, cerca de 300 motoboys estão em frente à sede da administração municipal, no Vale do Anhangabaú, no centro, fazendo um buzinaço contra as novas regras de segurança para a categoria. Os motoboys querem que os empresários para quem trabalham arquem com os custos de adaptação de suas motos e roupas de acordo com a nova regulamentação, que prevê uso de proteção para pernas e proíbe o transporte de material preso nas alças da motocicleta ou junto ao corpo do condutor - como no caso das mochilas. O transporte de material só poderá ser feito em baús.
A fiscalização começou nesta quinta-feira e todo motoqueiro que não cumprir as regras será multado.
O protesto dos motoboys começou por volta das 10 horas na Avenida 23 de Maio, principal corredor de ligação entre as zonas norte e sul da capital, local de trânsito intenso. Eles pararam inicialmente o tráfego no sentido Ibirapuera na altura do prédio do Detran. Aos poucos, começaram a pipocar outros protestos em diversos pontos da cidade, como a Rua da Consolação e Avenida Paulista.
O acesso ao Túnel Ayrton Senna também foi fechado. Depois da aglomeração que fechou o tráfego, eles se dispersaram em grupos e passaram a fechar a via em pontos diferentes, numa 'tática de guerrilha'. O congestionamento chegou a 60 km às 13 horas.
A maioria dos motoboys ainda não se adaptou às novas regras, que foram feitas para aumentar a segurança no trânsito. Por dia, pelo menos dois deles morrem nas ruas da capital. São em média 40 acidentes por dia envolvendo os motoqueiros. A convivência com os motoristas é tensa. As motos andam no meio dos carros e qualquer movimento dos carros que reduza este espaço é suficiente para gerar xingamentos e agressões, como pontapés nos veículos e retrovisores arrancados.
Nesta semana, um motoboy foi agredido a socos e pontapés por outros colegas de profissão e levou oito pontos no queixo por estar de acordo com a nova lei, que obriga o uso de capacete, colete e botas, além de equipamentos de proteção na moto.
Reinaldo Scudero, dono de uma empresa do setor, afirma que os motoboys regularizados estão sendo ameaçados, principalmente nas ruas do centro, e orienta seus funcionários a tirarem os equipamentos quando sentirem a pressão.
Não há cálculos precisos sobre o número de motoboys em ação na cidade. Este pode chegar a 100 mil. Poucos se cadastraram até agora. As empresas também estão na ilegalidade. São cerca de mil clandestinas para 373 legalizadas.
A regulamentação tinha sido adotada na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, que não conseguiu que o setor obedecesse às novas regras. Em outubro passado, a atual gestão, do prefeito José Serra, alterou baixou o valor da taxa de cadastramento de R$ 49,97 para R$ 10, pois o valor da taxa era considerado alto e apontado pelos motofretes como o principal empecilho para a regularização e a retirada do Condumoto - uma espécie de carteira de motorista que habilita o motociclista a fazer o serviço de entregas. Além desta taxa, é cobrada uma de R$ 20 por pela vistoria anual obrigatória.
A nova regulamentação prevê ainda a venda de publicidade no baú da moto, no colete e no capacete. Também tornou obrigatório o uso de adesivos refletivos nos capacetes para garantir identificação no trânsito, além de facilitar que ele seja visto à noite, o que aumenta a segurança. A receita da venda publicidade poderá ficar com o motoboy, dependendo da negociação com a empresa para a qual ele trabalha.
Para facilitar a adesão, a Prefeitura de São Paulo lançou um programa de crédito aos motoboys, com financiamento de R$ 220 para licenciamento e documentação.
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