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Eduardo Cunha voltou a negar qualquer envolvimento com o recebimento de propina investigado pela Operação Lava Jato. | Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha voltou a negar qualquer envolvimento com o recebimento de propina investigado pela Operação Lava Jato.| Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

Investigadores da Polícia Federal têm como um dos pontos de partida para tentar comprovar o recebimento de US$ 5 milhões em propina pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um total de 35 operações financeiras feitas pelo lobista Julio Camargo , delator da Operação Lava Jato, com o operador do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, entre 2006 e 2007. As movimentações somam US$ 14 milhões.

Os investigadores montaram uma tabela com base em informações e documentos fornecidos desde o ano passado por Camargo. Ela mostra as contas de 16 empresas offshores que eram indicadas por Baiano para receber sua parte da propina dos US$ 40 milhões por dois contratos da Petrobras para fornecimento de navios-sonda para exploração de petróleo, assinados na gestão do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró. Como o jornal O Estado de S. Paulo de mostrou neste domingo (19), o rastreamento de contas secretas dos dois investigados é fundamental para a comprovação da delação de Camargo.

Outro lado

Procurado, Cunha disse por meio de sua assessoria que não tem qualquer envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. “O presidente da Câmara não faz parte disso”, afirmou a assessoria. A defesa de Fernando Baiano afirmou que desconhece os fatos relatados por Júlio Camargo. Já o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, negou que seu cliente tenha recebido propina referente aos contratos dos navios-sonda.

“Por volta de julho de 2006 os denunciados Fernando Soares [Fernando Baiano] e Nestor Cerveró, este diretor da área Internacional da Petrobras na época, em conluio e com unidade de desígnios, cientes da ilicitude de suas condutas, em razão da função exercida por este último, solicitaram, aceitaram promessa e receberam, para si e para outrem, direta e indiretamente, vantagem indevida”, registra a denúncia da força-tarefa da Lava Jato que embasou a abertura da ação penal contra Camargo, Cerveró e Baiano, entre outros, por corrupção e lavagem de dinheiro.

A propina viria de dois contratos: a construção do navio-sonda Petrobras 10000, para perfuração de águas profundas na África, e outro do projeto do navio-sonda Vitória 1000, para exploração de petróleo no Golfo do México.

Os dois contratos foram assinados com o estaleiro coreano Samsung Heavy Industries por US$ 586 milhões e US$ 616 milhões, respectivamente. As propinas correspondentes seriam de US$ 15 milhões e US$ 25 milhões, pela ordem. Camargo confessou ter pago a propina de US$ 40 milhões, via contas secretas de Baiano no exterior e também por meio do doleiro Alberto Youssef.

Cerveró e Baiano estão presos desde o início do ano, em Curitiba, sede das investigações da Lava Jato que não envolvem políticos com foro privilegiado. Cunha é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento no esquema da Petrobras.

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