São Paulo (AG) Enquanto dirigentes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) negociavam com o governo federal o atendimento de uma pauta de reivindicações, mais sete sedes do Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra) foram ocupadas ontem por centenas de famílias de sem-terra em todo país, dentro do chamado "setembro vermelho".
Com as invasões de ontem, subiu para 28 o número de escritórios do Incra ocupados e onde os sem-terra permanecerão acampados até que o governo assuma o compromisso de acelerar o programa de reforma agrária.
Ao longo do dia, os sem-terra ocuparam Incras em cidades da Bahia, Pará, Rio Grande do Norte e Roraima.
Até o início da manhã de ontem eles ocupavam 21 escritórios do Incra em todo o país.
As famílias começaram as invasões na manhã de segunda-feira e ontem à noite, após uma reunião em que não houve acordo entre o MST e o governo, decidiram que permanecerão acampados em prédios públicos e também em fazendas particulares ocupadas desde segunda-feira por tempo indeterminado.
Jornada
Dentro da "jornada de luta", os sem-terra ainda fecharam ontem a BR-104 e invadiram a sede da Funai, em Pernambuco. O Instituto Mineiro de Agropecuária, em Belo Horizonte, também foi ocupado por 800 pessoas ontem.
Desde a marcha nacional pela reforma agrária, em maio deste ano, os sem-terra aguardam que o governo dê início a projetos de assentamentos, além de desapropriações, alterações dos índices de produtividade, programas especiais como o que prevê crédito para a reforma agrária, recursos para agroindústrias cooperativas, reestruturação dos Incras e cestas básicas mensais.
Segundo dados divulgados pelo MST, nenhuma de mais de 58 mil famílias de sem-terra acampadas foram assentadas este ano nos dez principais estados onde o MST atua.
As ocupações seguiram ontem a passos largos. Em Belém do Pará, cerca de 500 pessoas ocuparam o prédio do Incra.
Em Salvador, o prédio do instituto foi invadido por 400 sem-terra. Mais 450 pessoas também entraram ontem no Incra de Natal.
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