Deputado mantém a versão de que assessor dirigia o carro
Apesar da denúncia criminal do Ministério Público que responsabiliza o deputado estadual Gilberto Ribeiro (PSB) de ter atropelado e ferido um adolescente de 14 anos, o parlamentar nega que era ele quem dirigia o carro e mantém a versão de que o condutor era o assessor Christopher Douglas Kachel. Procurado pela reportagem, Ribeiro afirmou que não tinha conhecimento da denúncia do MP. "Não estou sabendo dessa denúncia. Tem que ver o que consta nos autos, mas a minha versão é a mesma", afirmou.
Para Gilberto Ribeiro, a denúncia teria relação com o fato de ele ser deputado estadual. "É o fato de ser político que está dando toda essa repercussão. Por que o MP não vai investigar coisa grave como tráfico de drogas, chacinas, homicídios?", questionou.
O chefe de gabinete de Gilberto Ribeiro, Adilson Baron, um dos denunciados por falso testemunho, também manteve a versão dada aos procuradores do MP. Informações de companhias telefônicas, obtidas pelos procuradores, levantam suspeitas de que Baron teria mentido sobre o local onde estava após o acidente.
Ele, no entanto, mantém a versão. "Eu estava no local onde disse que estava no depoimento ao Ministério Público."
Baron contou que o seu advogado, Carlos Lorga, teria pedido para fazer uma perícia e confrontar os dados repassados pelas telefônicas ao MP. A reportagem não conseguiu contato com Lorga.
Christopher Douglas Kachel, também denunciado por falso testemunho, foi procurado pela Gazeta do Povo para comentar a ação do MP. No entanto, quando foi questionado sobre a denúncia do MP, ele desligou o telefone e não atendeu mais as ligações da reportagem.
"O que eu prego é o seguinte: que a verdade apareça e que a justiça prevaleça."
Gilberto Ribeiro (PSB), deputado estadual, em discurso na tribuna da Assembleia no ano passado.
"Eu estava no local onde disse que estava no depoimento ao Ministério Público."
Adilson Baron, chefe de gabinete de Gilberto Ribeiro.
O Ministério Público do Paraná acusa o deputado estadual Gilberto Ribeiro (PSB) de ter atropelado no ano passado um adolescente de 14 anos e ter prestado falsas informações no inquérito que apurava o acidente. Segundo a denúncia do MP, o parlamentar e dois assessores criaram uma versão falsa sobre o atropelamento para afastar de Ribeiro qualquer responsabilidade sobre o caso. O jovem se feriu.
A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso a parte do processo. O acidente ocorreu em março de 2011 em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Desde então, o deputado sustenta que era o assessor dele, Christopher Douglas Kachel, quem dirigia o veículo e que ele estava ao lado, no banco do passageiro. Um ano e meio depois, a investigação do MP reuniu indícios que derrubariam essa versão e colocam o deputado estadual atrás do volante no momento do atropelamento. Segundo o MP, o assessor estava longe do local do acidente.
Diante das provas, o MP entrou com ação criminal contra o deputado no fim de junho. Os procusadores acusam Ribeiro de lesão corporal culposa (quando não há a intenção de causar o dano) e de prestar falsas informações. Se for condenado, Ribeiro pode pegar de dois a sete anos de prisão.
Como Ribeito é deputado e tem foro provilegiado, a ação contra ele tramita no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). O caso está com o desembargador Paulo Hapner, que decretou segredo de Justiça e abriu prazo para que os acusados se manifestem. Depois disso, o magistrado deve decidir se aceita ou não a denúncia apresentada pelo MP.
Além do deputado, o Ministério Público acusa na mesma ação Christopher Kachel e o chefe de gabinete de Ribeiro, Adilson Baron, por falso testemunho. Kachel disse em depoimento à polícia e ao MP que era ele quem conduzia o veículo quando houve o atropelamento. Já Baron teria prestado informações falsas sobre o local onde estava no momento do acidente e, dessa forma, contribuiu para a versão montada, segundo o MP.
O acidente
O atropelamento ocorreu na noite do dia 12 de março do ano passado na Rua João Batista Vera, no bairro Jardim Primavera, no município de Piraquara. A caminhonete Chevrolet S10 que pertence ao deputado atingiu o adolescente William Sanches da Conceição, que estava na calçada. O menino sofreu cortes na orelha e no rosto, além de escoriações pelo corpo. Na época, testemunhas disseram que quem conduzia o carro era o próprio deputado estadual.
Dois dias depois do acidente, Gilberto Ribeiro subiu à tribuna da Assembleia e se manifestou sobre o caso. O deputado discursou afirmando que o seu assessor, Christopher Kachel, era quem dirigia o carro e quem atropelou sem intenção o adolescente. Antes de concluir, afirmou: "O que eu prego é o seguinte: que a verdade apareça e que a justiça prevaleça". O próprio Kachel se apresentou à polícia e disse que era ele quem dirigia no momento do acidente depoimento que foi repetido no MP.
Tecnologia
No entanto, dados das empresas de telefonia, requisitados pelos procuradores, indicariam o contrário. Informações das Estações Rádio Base (ERBs) equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica, permitindo assim definir a localização do aparelho celular mostram que o celular de Kachel não estava na área do acidente no momento em que ocorreu o atropelamento. Como em depoimento os assessores confirmaram que estavam com os respectivos celulares no horário do atropelamento, o MP concluiu que não era Kachel quem dirigia o carro.
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