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Sérgio Souza (PMDB). | Pedro França/ Agência Senado
Sérgio Souza (PMDB).| Foto: Pedro França/ Agência Senado

Ameaçada de convocação por integrantes da CPMI do Cachoeira, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques disse ontem que não teme a quebra de seu sigilo telefônico, que irá ao Congresso, se for intimada, e que os "parlamentares não são burros e sabem que o Ministério Público agiu corretamente".

Acusada por setores da base aliada de não levar adiante uma investigação contra parlamentares envolvidos com o contraventor Carlinhos Cachoeira, principalmente o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), em 2009, Cláudia diz que tomou a decisão em conjunto com o delegado do caso e que integrantes da CPMI querem, ao questionar sua atuação, desgastar seu marido, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por causa do julgamento do mensalão.

"Se tivesse arquivado em 2009, a investigação morreria ali e não teria dado em nada", afirmou. "É aquele negócio: aconteceu no momento em que está perto do julgamento do mensalão". Cláudia diz que, se convocada, vai à CPI esclarecer sua participação. "Eu vou e explico. Vou falar o que ocorreu. A verdade."

Ela também não está preocupada com o pedido do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) de quebrar seu sigilo telefônico nos últimos três anos. "Ele vai ter uma desagradável surpresa. Nunca conversei com parlamentares no meu telefone. Só falava com meus filhos e meu marido."

Cláudia foi designada por Gurgel em 2009 para avaliar se, com base nas investigações da Operação Vegas, havia elementos para pedir abertura de inquérito contra Demóstenes e os deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) no Supremo Tribunal Federal (STF).

A subprocuradora afirmou que, na ocasião, tomou a decisão de segurar a apuração "em conjunto" com o delegado Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas. Em depoimento à CPMI, na semana passada, Sousa disse que foi Cláudia quem segurou a investigação. "Não foi uma decisão minha. Foi nossa. Entendi que não tinha elementos na época para ir ao STF. Poderia ter conversas relevantes no aspecto político ou ético, mas não tinha crime. Não havia sequer diligências para requerer. Decidimos que era conveniente esperar", disse a subprocuradora.

Ela citou o exemplo do envolvimento de Demóstenes. Num dos diálogos interceptados, o senador goiano pediu a Cachoeira que bancasse uma viagem de avião particular. "A conversa não tinha quaisquer outros dados para investigar."

Cláudia tem a mesma opinião sobre o fato de o senador ter recebido o rádio Nextel. "Não é crime. É um contexto de crime, que mostra a promiscuidade junto com pessoas tidas como envolvidas na atividade do jogo." Para ela, foi o rádio, que Cachoeira achava ser inviolável às interceptações telefônicas, o grande trunfo da investigação. "Eles conversavam abertamente neste telefone."

Sobre os 22 telefonemas de 2009 citados no pedido de abertura de inquérito contra Demóstenes formulado por Gurgel ao STF, ela disse que não havia indícios de crime, mas demonstravam o relacionamento do senador com o contraventor. "Demóstenes não participava do esquema de jogos ilegais, objeto daquela apuração", afirmou. Se tivesse aberto investigação na época, avaliou, o contraventor saberia que as conversas dele via Nextel estavam sendo grampeadas.

Na avaliação dela, os ministros do STF não aceitariam uma quebra de sigilo telefônico com base no que havia. Para ela, agora, sim, é que se teve elementos concretos para pedir a abertura de investigação contra os três parlamentares e, diferentemente da Vegas, informações sobre o envolvimento da construtora Delta com o contraventor.

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