O Ministério Público de São Paulo está analisando duas cartas, supostamente escritas por um preso, que podem esclarecer o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, do PT. A investigação do crime foi reaberta no início da semana. Uma das cartas é endereçada a Sergio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e outra ao advogado dele, Roberto Podval.
A Justiça preserva a identidade do autor, que assume ter participado do crime, para não colocar a vida dele em risco. Uma das cartas foi publicada nesta sexta-feira pelo jornal "Folha de São Paulo". Na correspondência endereçada ao advogado, o preso faz uma cobrança:
- Já estava tudo conversado antes. Nós fizemos a nossa parte de tudo, mas até agora ele não cumpriu a dele.
Além da ameaça, as cartas trazem novos detalhes para o seqüestro e assassinato do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002. Segundo o autor da carta, Sérgio Gomes da Silva teria telefonado para os criminosos avisando que estava saindo de um restaurante com o prefeito. No local combinado, conhecido por Três Tombos, o empresário teria parado o carro e destravado as portas para os bandidos levarem Celso Daniel.
Segundo os promotores, o prefeito foi assassinado no mesmo lugar em que o corpo dele foi encontrado. Antes teria sido torturado para entregar documentos com nome de empresas e pessoas envolvidas num esquema de corrupção na prefeitura de Santo André. Na época do crime, uma perícia confirmou que Celso Daniel foi torturado.
O curioso é que a existência das cartas que incriminam Sérgio Gomes da Silva foi revelada pelo próprio advogado dele. Ao entregar as cópias à Justiça, Roberto Podval disse que seu cliente está sendo chantageado e que o preso escreveu as cartas para conseguir redução de pena.
- Ele decidiu antecipar e tentar uma justificativa para minimizar o impacto do conteúdo da carta contra o cliente dele - acredita Amaro José Thomé Filho, promotor de Justiça.
O empresário Sérgio Gomes da Silva, apontado pelos promotores como mandante do crime, já esteve preso e agora responde ao processo em liberdade.
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