A Corregedoria Geral do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) instaurou nesta sexta-feira (13) uma reclamação disciplinar para apurar a conduta do ex-senador Demóstenes Torres. Ele teve seu mandato cassado na última quarta-feira e, um dia depois, reassumiu o cargo de procurador de justiça no MP-GO, do qual estava licenciado há 13 anos. O ex-senador é acusado de ser o principal operador político do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo.
Em nota, o Ministério Público de Goiás informou que "o procedimento tem caráter sigiloso e visa a coleta criteriosa de elementos seguros para delimitar o objeto da apuração". Para isso, solicitou documentos ao Senado e à Procuradoria-Geral da República (PGR). Em março, a PGR pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de investigação contra Demóstenes. Como senador, ele tinha direito a ser julgado apenas pelo STF. Como procurador, ele continuará a ter foro privilegiado, mas desta vez no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
Segundo a Corregedoria Geral, se a investigação no MP goiano for adiante, Demóstenes poderá ser expulso do órgão e perder suas prerrogativas de foro. Ele terá que ser julgado como um cidadão comum no inquérito que hoje corre contra ele no Supremo Tribunal Federal.
As investigações contra Demóstenes, no entanto, podem não prosperar. Primeiro, porque o MP de Goiás é comandado pelo irmão do ex-senador, o procurador-geral de Justiça do Estado de Goiás, Benedito Torres. Segundo, porque existe entre parte dos procuradores a avaliação de que os atos cometidos por Demóstenes não dizem respeito ao MP, já que ocorreram no exercício do mandato de senador, e não no cargo de procurador. Essa justificativa foi usada em abril deste ano, quando o Conselho Nacional do Ministério Público poupou Demóstenes mas decidiu pela abertura de procedimento contra Benedito Torres depois que interceptações telefônicas da Polícia Federal mostraram que o então senador prometia a Cachoeira interferência no MP goiano por intermédio do irmão.
Demóstenes volta ao MP-GO
Apenas um dia após ser cassado e afastado da vida política até 2027, Demóstenes reassumiu ontem seu cargo de procurador no Ministério Público de Goiás. Com direito a sala exclusiva, dois assessores e até plaquinha com o nome na porta, instalada no mesmo dia. Mas, trabalho mesmo, só daqui a uma semana. Ele solicitou um abono funcional, um direito dele, para fazer a mudança para Goiânia e, com isso, recomeça no emprego semana que vem. Seu salário será de cerca de R$ 24 mil.
Demóstenes foi o segundo senador da história a ser cassado pelos seus pares. O primeiro - e até então o único - foi Luiz Estevão, em 2000, por envolvimento com o desvio de verbas das obras do Tribunal Regional de Trabalho (TRT) paulista.
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