RIO — O Ministério Público do Rio instaurou um procedimento para investigar o suposto tratamento privilegiado recebido pelo ex-governador Anthony Garotinho, preso acusado de comprar votos e coagir testemunhas, por seus familiares durante sua passagem pelo hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. O objetivo é saber se houve improbidade administrativa, com violação do princípio constitucional da impessoalidade. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, e a diretoria do hospital deverão prestar esclarecimentos. O MP também determinou o envio do prontuário médico do ex-governador, no prazo de 20 dias.

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— O que cabe é verificar onde foi dispensado o tratamento diferenciado, que não é usado para a população. Quem é encaminhado ao Souza Aguiar recebe o mesmo tratamento? Se houve tratamento diferenciado pelo fato de Garotinho ser ex-governador e secretário em Campos, é um ofensa ao princípio da impessoalidade — afirma o promotor Salvador Bemerguy, que instaurou o procedimento.

No Souza Aguiar, Garotinho ficou isolado, acompanhado por agentes federais, na unidade coronariana, destinada a tratamentos cardíacos. Segundo a Secretaria Muncipal de Saúde, o ex-governador relatou dor intensa no peito, um possível indicativo de obstrução nas artérias.

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Procurada, a secretaria de Saúde informou ao GLOBO que ainda não foi notificada sobre a investigação, mas afirmou que está “à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários”. Por meio de nota, declarou ainda que não há privilégios ou regalias para os familiares de pacientes internados no Souza Aguiar. Também informou que, “por se tratar de um caso de ampla repercussão”, uma sala da unidade foi destinada aos familiares do ex-governador, “medida que evita atrapalhar a rotina da unidade de saúde”, diz o texto. O controle das visitas a Garotinho, segundo a secretaria, era de responsabilidade das autoridades policiais de plantão.