Numa celeridade bem acima da média brasileira, a Justiça Federal de Goiás deverá concluir até o final de junho o primeiro julgamento do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A expectativa do Ministério Público Federal é que o bicheiro seja condenado a pelo menos 30 anos de prisão. Cachoeira e mais sete cúmplices, seis deles ainda presos, foram denunciados pelos procuradores Léa Batista e Daniel de Rezende por corrupção, peculato, formação de quadrilha armada e vazamento de dados sigilosos. O caso tramita paralelamente ao inquérito contra o senador Demóstenes Torres no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça-feira o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decide se mantém ou não o bicheiro na cadeia.
Numa demonstração de que pode ser ágil mesmo diante dos entraves burocráticos, a Justiça Federal marcou para o próximo dia 31 o depoimento de Cachoeira e dos demais réus da Operação Monte Carlo que ainda estão presos. Deverão ser interrogados ainda o araponga Idalberto Matias, o Dadá; Lenine Araújo de Souza; Wladimir Garcez; José Olympio de Queiroga; e Gleyb Ferreira da Cruz. Raimundo Washington de Souza, solto recentemente, também será interrogado.
Está marcado também o depoimento de Geovani Pereira da Silva, contador da organização que está foragido. Se até lá não for preso, caberá ao advogado de Pereira responder às acusações que pesam contra o contador. A Justiça Federal teve condições de avançar no processo porque o inquérito principal da Operação Monte Carlo foi desmembrado de acordo com o tipo de crime atribuído a cada núcleo da organização supostamente chefiada por Cachoeira.
A Justiça teve que dar prioridade ao caso também porque o bicheiro e mais seis cúmplices estão presos. Pela lei, processos com réus presos devem ser concluídos em até 82 dias contados a partir da apresentação da formação da denúncia pelo Ministério Público. Cachoeira está detido desde 29 de fevereiro. Numa segunda etapa, os procuradores deverão denunciar Cachoeira por contrabando de máquinas caça-níqueis, lavagem de dinheiro e remessa ilegal ao exterior.
Na primeira denúncia, o Ministério Público Federal apontou o envolvimento de 79 pessoas com o bicheiro. Mas, como mais da metade do grupo é de agentes públicos, a Justiça decidiu desmembrar o processo. Os agentes públicos da organização, a maioria policiais, serão julgados num processo à parte. Mas o destino de Cachoeira começa a ser decidido nesta terça-feira. Em parecer encaminhado ao STJ, o subprocurador-geral da República Paulo da Rocha Campos pede que o bicheiro seja mantido preso.
A partir da análise do subprocurador, a 5ª Turma do tribunal deverá decidir sobre o pedido de habeas corpus apresentado pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, advogado do bicheiro. Em decisão preliminar, no início do mês passado, o relator do caso, ministro Gilson Dipp, entendeu que Cachoeira deve ser mantido na cadeia. No parecer enviado ao STJ, o subprocurador-geral alerta sobre a capacidade de "influência política e econômica" de Cachoeira na sociedade e na estrutura do Estado.
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