Os dois principais candidatos à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR), deputados Fabio Camargo (PTB) e Plauto Miró (DEM), estão sendo investigados pelo Ministério Público (MP) por suspeita de contratação de funcionário fantasma na Assembleia Legislativa (Alep). Reportagem da RPC TV mostrou na noite desta quarta-feira (3) que Plauto é acusado de contratar como funcionário da Assembleia um motorista que trabalhava na Rádio Clube Pontagrossense – de propriedade do próprio parlamentar. E que Camargo utiliza um funcionário do gabinete para trabalhar no programa de televisão do parlamentar. Os deputados negam irregularidades.

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Documentos obtidos pela RPC TV revelam que Zuan Antônio Maier entrou com uma ação na Justiça do Trabalho contra Plauto e a Assembleia Legislativa depois que ele foi demitido. Maier alega que nunca trabalhou no Legislativo, que foi contratado em 1998 para trabalhar como motorista da rádio, mas que a carteira de trabalho só foi assinada dois anos depois pela Assembleia. E que durante cinco anos, ele recebeu dinheiro público, mas nunca trabalhou no gabinete de Plauto.

Ouvido na Justiça do Trabalho, Plauto negou qualquer irregularidade e se disse injustiçado. Apesar disso, o deputado devolveu R$ 83,8 mil que Maier recebeu como salário da Assembleia. A devolução dos recursos, no entanto, não impede que o MP entre com uma eventual ação de improbidade administrativa contra o parlamentar. O procurador-geral de Justiça do MP, Gilberto Giacoia, confirmou que a investigação contra Plauto está em andamento na Promotoria do Patrimônio Público para apurar eventual ato de improbidade. Assim como também confirmou a existência de uma investigação contra Camargo.

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Os promotores apuram a denúncia de que José Diniz, nomeado em maio de 2012 no gabinete de Camargo, é funcionário fantasma do deputado do PTB – com salário que variou no ano passado de R$ 8,4 mil até 12,9 mil. Diniz é jornalista e trabalha no programa de televisão do deputado na Central Nacional de Televisão (CNT).

A reportagem da RPC TV teve acesso a documentos da emissora que mostram que Diniz passa a maior parte do tempo dentro da televisão e não no gabinete parlamentar na Assembleia. Uma secretária da CNT confirmou para a RPC TV que Diniz chega antes das 9h e saí depois das 17h. Segundo o controle da portaria da CNT, no dia 14 de maio de 2012 Diniz entrou às 8h12 na televisão e saiu só as 17h25. No dia 25 de junho do mesmo ano, o jornalista entrou às 8h31 e só saiu às 17h52. Ou seja, Diniz não daria expediente na Assembleia. Camargo disse nesta quarta que o funcionário é um agente político.

Em junho de 2010, o então governador Orlando Pessuti (PMDB) sancionou a lei que regulamenta a função de agente político (assessor parlamentar) na Assembleia – obrigando-os a apresentar relatório mensal das atividades e cumprir jornada mínima de 20 horas e máxima de 40 horas semanais. A lei foi uma resposta da Assembleia ao escândalo que ficou conhecido como "Diários Secretos", quando a Gazeta do Povo e a RPC TV mostraram um esquema de desvio de recursos na Assembleia que se utilizava de funcionários fantasmas. Na época, especialistas consultados pela reportagem entenderam que a lei era inconstitucional.

Outro lado

O deputado Plauto Miró, em entrevista a RPC TV negou irregularidade na contratação do funcionário citado e disse que ele era agente político. "Ele foi funcionário no nosso gabinete parlamentar e exerceu uma função na cidade de Ponta Grossa como agente político."

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O jornalista José Diniz, também em entrevista a emissora de TV, declarou que é agente político da Assembleia e vai poucas vezes a CNT. "O que acontece de forma clara e límpida é que às vezes eu passo o dia esporadicamente lá. Não vejo nenhum mal nisso", rebateu Diniz.

O deputado Fabio Camargo garantiu que José Diniz dá expediente como agente política das 9h às 18h e apresentou o que seria o livro ponto do servidor. "Na realidade ele [Diniz] faz [serviço] na Assembleia Legislativa, no meu escritório no Sítio Cercado e ele faz nos bairros um atendimento voltado à sociedade, um atendimento voltado às obras da comunidade", disse Camargo.