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O Ministério Público Eleitoral do Rio vai investigar o suposto uso de programas sociais pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) para alavancar a pré-candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão, ao Palácio Guanabara. O procurador-geral eleitoral fluminense, Maurício da Rocha Ribeiro, disse nesta terça-feira (16) aos promotores dos municípios onde os programas têm sido lançados que colham evidências para possivelmente embasar ação que apure suposta conduta política abusiva do governador e de seu vice, a ser ajuizada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele também afirmou que vai instaurar procedimento sobre denúncia da "Folha de S. Paulo" de que beneficiários de programas em Miguel Pereira foram convocados pela prefeitura para ir ao lançamento dos programas na cidade, sob ameaça de perda de benefícios.

Além de cacifar Pezão, os programas sociais viraram parte da estratégia de Cabral para tentar romper o cerco político que enfrenta desde as manifestações de junho. Diferentemente de outros governadores, que retomaram a rotina, Cabral mantém agenda discreta na capital, onde tem enfrentado sucessivos protestos em frente à sede do governo estadual, em Laranjeiras, e ao prédio onde mora, no Leblon. Nos últimos dias, intensificou a expansão dos programas Renda Melhor e Renda Melhor Jovem (que pagam de R$ 30 a R$ 300, de acordo com a renda, a beneficiários do Bolsa Família e visam a atingir 1,2 milhão de pessoas), com lançamentos em municípios do interior, ao lado de Pezão.

A distância da capital, porém, não garante tranquilidade a Cabral. Nesta terça-feira, no evento de lançamento em Volta Redonda, no sul fluminense, um grupo de cerca de 20 jovens promoveu ato contra o governador, com máscaras e cartazes. Não houve violência. Para esta quarta-feira, 17, está programado novo protesto na rua onde mora o governador, no fim da tarde, em mais um episódio do processo de desgaste que incluiu a denúncia de uso, por Cabral, de um helicóptero Agusta AW109 Grand New do Estado para fins particulares, inclusive levar familiares e amigos à sua casa de fim de semana em Mangaratiba. Em 2011 e 2012, o governador enfrentou denúncias de envolvimento com o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, que incluiu imagens dos dois em viagens no exterior.

Programas

Além de Volta Redonda, também estavam programados para a terça eventos de lançamento da expansão de programas sociais em Piraí e Resende. Nesta segunda-feira, 15, os programas foram lançados em Três Rios, Paraíba do Sul e Comendador Levy Gasparian (também sul), onde serão beneficiadas mais de 3,7 mil famílias, e Miguel Pereira (centro-sul), com 808 famílias atingidas.

"Vamos acompanhar o que está acontecendo nesses municípios, para apurar a conduta de candidatos", disse o procurador, que explicou que o objetivo é preparar uma eventual ação sobre abusos que levem a desequilíbrio na disputa de 2014. "O Rio teve uma antecipação da campanha. Tem três candidatos na rua, (Anthony) Garotinho (PR), Lindbergh (Farias, PT) e Pezão (PMDB)."

Ribeiro afirmou que, no procedimento a ser instaurado para apurar o que aconteceu em Miguel Pereira, enviará um ofício ao promotor local com sugestões de perguntas a serem feitas aos políticos locais.

A Secretaria de Desenvolvimento Social do município atribuiu a convocação ao erro de uma servidora. A reportagem tentou entrevistar a secretária Katia Viana, mas até o início da noite, apesar da promessa, a entrevista não aconteceu.

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