Prefeito, em nota, diz que não mantém representação na Assembléia Legislativa
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, respondeu, por meio de nota enviada por e-mail pela assessoria de imprensa da prefeitura, que ele deixou de ser deputado estadual em dezembro de 2000 e que, desde então, não tem mais nenhum vínculo com a Assembléia Legislativa do Paraná, razão pela qual não tem nenhum funcionário sob sua responsabilidade no Poder Legislativo. Em relação a seu chefe de gabinete, o prefeito informa que Ezequias Moreira Rodrigues trabalha há mais de 20 anos com a família Richa, tendo sido inclusive chefe de gabinete do governador José Richa (1983-1987), e que conta com sua confiança. O prefeito informou desconhecer fatos que desabonem a vida pública de Rodrigues.
Verônica diz que nunca trabalhou na Assembléia
Apontada na denúncia encaminhada ao Ministério Público como funcionária "fantasma" da Assembléia Legislativa, onde receberia R$ 3,4 mil mensais sem trabalhar, Verônica Durau, de 59 anos, ontem confirmou que nunca trabalhou no Legislativo paranaense.
Justus afirma que a denunciada é funcionária do Legislativo
O presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), confirmou que Verônica Durau é funcionária da Casa desde 1996. Mas ele negou que o prefeito Beto Richa (PSDB) tenha gabinete "fantasma" no Legislativo.
Uma denúncia envolvendo uma funcionária supostamente "fantasma" da Assembléia Legislativa bateu às portas do chefe de gabinete do prefeito Beto Richa (PSDB), Ezequias Moreira Rodrigues, que tem status de secretário municipal. O Ministério Público Estadual (MP) ontem recebeu a denúncia de que a sogra de Rodrigues, Verônica Durau, recebe salários da Assembléia sem trabalhar. A denúncia também mostra que o chefe de gabinete do prefeito teria usado a sogra como "laranja" para ele próprio receber, ao menos no ano de 2002 e em parte de 2003, os salários pagos pelo Legislativo, que chegam a R$ 3,4 mil mensais.
Documentos enviados à Procuradoria de Controle do Patrimônio Público do MP sugerem que Verônica seria uma "laranja" do genro porque a conta de depósito do salário dela na Assembléia, em 2002 e em alguns meses de 2003, é a mesma indicada para o pagamento do salário de Ezequias Rodrigues pela Sanepar, empresa da qual ele é funcionário licenciado e cedido à prefeitura.
A denúncia envolve outro fato estranho. Alguns holerites de pagamento de Verônica anexados à denúncia que chegou ao MP indicam que a Assembléia considerava que ela estava lotada no "gabinete de Carlos Alberto Richa" (nome completo de Beto Richa), mesmo após ele ter deixado de ser deputado estadual o que aconteceu em janeiro de 2001, quando assumiu o cargo de vice-prefeito de Cassio Taniguchi. Beto Richa, desde que deixou a Assembléia, não pode mais ter gabinete na Casa. Isso poderia indicar uma falha no setor de pessoal da Assembléia, que não retirou o nome do ex-prefeito dos registros.
Verônica Durau foi funcionária do gabinete de Beto Richa a partir de 1996, quando ele ainda era deputado. E continuou recebendo salário até pelo menos maio de 2007, data do último pagamento feito pelo Departamento de Recursos Humanos da Assembléia. A presidência da Casa reconheceu que Verônica é funcionária do Legislativo, mas negou que Richa mantenha gabinete (leia mais na reportagem da próxima página).
A Gazeta do Povo teve acesso ao texto encaminhado ao MP e a cópias, algumas autenticadas, dos comprovantes de pagamento da suposta funcionária da Assembléia. A denúncia ao Ministério Pública é assinado pelo relações públicas Marcos Ravazzani. Alessandro Ravazzani, primo de Marcos e advogado dele, disse ontem que seu cliente teve acesso aos documentos e resolveu denunciar o fato na condição de "cidadão inconformado de posse de informações".
A denúncia apresentada ao MP sugere ainda que Ezequias Rodrigues acumularia os salários da Sanepar, empresa da qual é licenciado, e da prefeitura. Essa acusação, porém, é rebatida inclusive pela Sanepar empresa do governo do estado.
Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, a direção da Sanepar respondeu que Rodrigues é funcionário da empresa desde 1983, no cargo de analista processos organizacionais, de nível superior, e atualmente está cedido para a prefeitura, sem ônus para a empresa. A Sanepar esclarece que deposita o salário dele (valor não-informado) mas que, no fim do mês, a prefeitura devolve o valor para a estatal. A prefeitura informou que Rodrigues ganha salário de secretário, de R$ 8.441,30. Segundo a administração municipal, o valor do salário da Sanepar é reembolsado à estatal. Já o MP informou que o caso foi encaminhado para o promotor Odoné Serrano, da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público.