Polêmica
Cartilha do governo prega voto em mulher
A oposição ao presidente Lula estuda recorrer à Justiça Eleitoral contra uma cartilha produzida pelo governo federal que prega o voto em mulheres e faz referência nominal à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
O material foi produzido em maio. Cerca de 215 mil cartilhas já foram distribuídas no país, juntamente com 3 mil livros que defendem o aumento da participação da mulher na política algo que a oposição afirma ser uma propaganda favorável a Dilma, pois o principal concorrente da petista na disputa presidencial é um homem, o tucano José Serra.
As cartilhas divulgam ainda o site criado por Sônia Malheiros Miguel, subsecretária de Articulação Institucional da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência (www.maismulheresno poderbrasil.com.br). No site há um texto que lamenta o fato de que o "Brasil nunca teve uma mulher na Presidência da República, assim como poucas candidatas ao cargo, fato que não ocorre em outros países".
Já o livro Mais Mulheres no Poder: uma questão da democracia, além de defender o voto em mulheres, contém um discurso de Dilma. Em nota, a Secretaria de Políticas para Mulheres negou o caráter eleitoreiro do material, que teria custado R$ 70 mil.
Das agências
A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, disse ontem que requisitou as fitas da cerimônia de lançamento do edital do trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro para estudar a possibilidade de entrar com uma ação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A acusação seria de abuso de poder político e uso da máquina pública em favor da candidata do governo à Presidência, a petista Dilma Rousseff. A ação também pode ser feita contra a candidata petista. Sandra Cureau disse que, pelo que ela leu nos jornais, em tese, houve abuso de poder político e uso da máquina pública. "Isso é absolutamente proibido", afirmou. "É absolutamente proibido, nesta época do ano, que em inaugurações se faça propaganda para um candidato. Isso é uso da máquina pública", disse Sandra, ressalvando que falou em tese.
Esse tipo de ação que Sandra Coureau estuda ingressar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se acatada, pode resultar até na cassação da candidatura da pessoa beneficiada pelo uso da máquina, no caso Dilma Rousseff. Pela ação, o presidente Lula pode ser punido com multa e até responder a uma ação por abuso de poder político.
Na última terça-feira, durante a cerimônia oficial de lançamento do edital do trem-bala, o presidente Lula promoveu a candidata Dilma Rousseff, atribuindo a ela a responsabilidade pelo projeto do trem de alta velocidade, batizado com a siga TAV. "A verdade é a seguinte: eu não posso deixar de dizer, aqui, que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando aqui a uma mulher. Na verdade, nem poderia falar o nome dela porque tem um processo eleitoral, mas a história a gente também não pode esconder por causa de eleição", disse o presidente, em solenidade no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo. "A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV, e foi ela quem cuidou, junto com a Miriam Belchior, junto com a Erenice [atual ministra da Casa Civil]", continuou Lula, sob aplausos de uma plateia de funcionários comissionados, políticos da base aliada e militantes.