O Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais pediu a indisponibilidade dos bens do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), no valor total de R$ 875,9 mil, por prejuízo ao erário no fretamento de aeronaves. Em ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada na segunda-feira, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público acusa o prefeito de realizar 39 viagens por território nacional que causaram "inequívoco" dano aos cofres públicos.
Os deslocamentos relatados pelos representantes do Ministério Público foram realizados entre 6 de fevereiro de 2009 e 20 de julho de 2011. Segundo a Promotoria, Lacerda realizou nesse período 33 viagens para Brasília. Os outros seis deslocamentos foram para o Rio (4), São Paulo (1) e Vitória (1). O custo atualizado de cada viagem, em média, é de R$ 25 mil, conforme o MPE. Pelo cálculo dos promotores que assinam a ação, caso tivesse optado por voos comerciais, mesmo levando-se em conta as tarifas mais caras das duas maiores companhias áreas do país, o gasto total ficaria entre R$ 31 mil e R$ 53 mil. Por essa comparação, o desembolso acabou ficando mais caro.
"Se ele (o prefeito) tivesse voado em avião de carreira, o município gastaria de 3% a 6% do montante total efetivamente gasto", disse à reportagem o promotor João Medeiros, para quem houve um "esbanjamento e desperdício" de recursos do contribuinte. "Foi um comportamento lesivo ao erário."
Por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito afirmou que todas as viagens foram realizadas a trabalho, na defesa dos interesses do município e não há impedimento legal para o fretamento das aeronaves. A prefeitura alega que a maioria dos deslocamentos, relativos a agendas oficiais, exigiam celeridade, que não seria possível por meio de um "voo de carreira". Conforme a assessoria, as viagens trouxeram "bons resultados" para o município, como, por exemplo, a assinatura com a União de contrato de financiamento por meio do PAC Mobilidade, no valor de R$ 1,023 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.