A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação formal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por tráfico de influência internacional. A suspeita é de que a empreiteira Odebrecht teria obtido vantagens com agentes públicos de outros países por meio da influência de Lula, entre os anos de 2011 e 2014.
Lula nega acusação e diz ter recebido com surpresa a investigação
- São Paulo
O ex-presidente Lula informou, por meio de sua assessoria, ter recebido com surpresa a notícia de que será investigado por suposto tráfico de influência. Segundo a assessoria do ex-presidente, a avaliação é que a Procuradoria não teve tempo hábil para analisar a documentação que foi entregue por Lula para explicar sua relação com a construtora Odebrecht em viagens internacionais.
“Acabamos de entregar todas as informações solicitadas pela procurada Mirela de Carvalho Aguiar. Consideramos que ela teve pouco tempo para analisar esse material, que ficou bastante extenso e detalhado”, afirmou a assessoria de Lula.
Legalidade e lisura
O ex-presidente diz entender que faz parte das atribuições do Ministério Público investigar denúncias, mas reforçou que suas atividades não foram ilegais. “Temos certeza absoluta da legalidade e lisura de todas as nossas atividades”, informou o Instituto Lula. O ex-presidente nega ainda que ele tenha como lobista ou consultor.
A Odebrecht teria ainda obtido os contratos por meio da liberação de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para tocar obras no exterior. O BNDES é controlado pelo governo brasileiro e a suspeita é de que Lula também teria feito tráfico de influência no banco em favor da Odebrecht.
3 países
foram visitados pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2013, numa viagem em que esteve acompanhado pelo o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar, que foi preso pela Operação Lava Jato. Os países visitados pelo ex-presidente foram Cuba, República Dominicana e Estados Unidos. A Odebrecht tem contratos de obras no exterior.
Conexão Lava Jato
A Odebrecht é uma das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato. Mas o caso de Lula não fará parte diretamente desta investigação, que está sendo conduzida a partir de Curitiba. Porém, na portaria em que instaura a apuração contra Lula, datada do último dia 8, o procurador Valtan Timbó Martins Mendes Furtado solicita que a força-tarefa da Lava Jato no Paraná compartilhe todos os documentos de obras realizadas pela Odebrecht no exterior com recursos do BNDES ou que tenham alguma relação com Lula.
Mendes Furtado também requer extratos bancários de depósitos da Odebrecht para o Instituto Lula e para a empresa LILS (por meio do qual o ex-presidente recebe pagamentos para participar de eventos).
A informação de que Lula poderia ser formalmente investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) havia sido revelada em abril pela revista Época. Segundo documentos a que a revista teve acesso, de uma investigação preliminar, a atuação de Lula era para influenciar agentes públicos dos governos da República Dominicana, de Cuba e de países africanos para fecharem contratos com a Odebrecht.
Um dos indícios de que Lula teria recebido vantagens indevidas é que a Odebrecht teria pago despesas de voos do ex-presidente mesmo não sendo viagens de trabalho dele para a empreiteira. No documento do voo, está registrado como “passageiro principal: voo completamente sigiloso.”
Recentemente, também foi revelado que o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar acompanhou Lula em uma viagem que incluiu Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013.
Deixe sua opinião