Uma investigação sobre fraudes na contratação de pessoal terceirizado para trabalhar no Senado e em outros cinco órgãos federais pode ter sido atrapalhada pela Polícia Federal (PF), segundo acusa o Ministério Público Federal (MPF), responsável pela "Operação Mão-de-Obra".
Sete empresas estão sendo investigadas por fraudes que envolvem contratos milionários com órgãos públicos. Os empresários estariam combinando as concorrências públicas e oferecendo vantagens a servidores para manipular os resultados. Seis pessoas já foram presas.
O Ministério Público acusou a PF de vazar informações sobre a investigação sigilosa, segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo. No fim de julho, a pedido do MPF, a Justiça autorizou a busca e apreensão de provas no Senado, mas os investigadores só encontraram computadores e cofres vazios.
Polícia Federal confirma o vazamento
Na opinião dos procuradores do MPF, nada foi encontrado porque os funcionários do Senado que eram alvos da investigação tinham sido avisados com antecedência sobre a operação. A Polícia Federal confirmou o vazamento de informação em um relatório enviado ao MPF, mas alegou que essa é a prática da PF quando se trata de operações em órgãos públicos.
O relatório, assinado pelo diretor-executivo da PF, Zilmar Pimentel, revela ainda que o delegado escolhido para comandar a operação foi o superintendente da PF em Pernambuco, Bergson Toledo Silva, amigo do presidente do Senado, Renan Calheiros. O próprio Bergson, no relatório, explica:
- Meu trabalho era de facilitador. Em conhecendo o presidente do Senado, melhor seria o contato para a realização dos trabalhos - afirmou.
Diretor do Senado é um dos principais acusados
Bergson diz também que localizou Renan Calheiros de madrugada e pediu que ele indicasse um funcionário para acompanhar o trabalho dos policiais na manhã seguinte. Renan indicou o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, um dos principais alvos da investigação, suspeito de participação no esquema irregular de licitações.
- Essa pessoa foi favorecida indevidamente pela comunicação, até porque ela teve conhecimento que no dia seguinte seria realizada uma busca e apreensão em sua sala de trabalho. É indubitável que essa comunicação prévia trouxe prejuízos irreparáveis à medida - reclamou o procurador de Justiça, Luciano Rolim.
Segundo o procurador, o vazamento de operações sob segredo de Justiça é crime de violação de sigilo funcional e ato de improbidade administrativa. O MP vai enviar ofício ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pedindo explicações sobre o caso.
Segundo a assessoria do presidente do Senado, Renan Calheiros confirmou ter indicado Agaciel Maia a Bergson Toledo para acompanhar os agentes. Mas Renan disse que não sabia que o funcionário era um dos investigados. Agaciel Maia negou que tenha sido avisado previamente sobre a investigação no Senado. O delegado Bergson Toledo não quis falar sobre o assunto. A PF disse que que a metodologia usada no caso está correta e que ela já foi adotada em centenas de operações.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião