A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou criminalmente à Justiça Federal os ex-deputados Pedro Corrêa (PP/PE), Luiz Argôlo (SD/BA) e André Vargas (ex-PT/PR). São os primeiros políticos envolvidos no esquema de corrupção e propinas na Petrobras formalmente denunciados pelo Ministério Público Federal. A filha de Pedro Corrêa, ex-deputada Aline Corrêa (PP-PE) também foi denunciada.
Histórico
Vargas, ex-vice-presidente da Câmara, era uma força em ascensão no PT. Foi cassado no final do ano passado, depois de vir à tona seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, que distribuía propinas da Petrobras a partidos políticos.
O ex-petista, que chegou a viajar de férias num avião emprestado por Youssef, foi cassado por intermediar negócios do doleiro com o Ministério da Saúde.
Corrêa, ex-presidente do PP, já foi condenado no processo do mensalão e cumpria pena em regime semiaberto em Pernambuco quando foi transferido para Curitiba.
Cassado pela Câmara em 2006, o ex-deputado teve movimentação financeira incompatível com seus rendimentos mesmo após deixar o parlamento, segundo os procuradores.
O Ministério Público Federal afirma que Corrêa pediu dinheiro emprestado a Youssef por e-mail e o visitou ao menos 23 vezes entre 2011 e 2013 -portanto, após ter perdido o mandato.
Argôlo, que tem 34 anos e era considerado uma promessa na política baiana, é acusado de envolvimento com Youssef, principal delator da Lava Jato.
O Ministério Público Federal diz que helicóptero, máquinas, cadeiras de rodas e até boletos de IPTU do ex-deputado foram pagos por Youssef e que ele usou até os pais como laranjas para receber dinheiro de propina da Petrobras.
O baiano era do PP, partido para o qual Youssef operava, mas se desfiliou em 2013 e migrou para o Solidariedade.
Além deles, outras nove pessoas também foram denunciadas por participação nos crimes - entre elas o doleiro Alberto Youssef, seu funcionário Rafael Ângulo, o publicitário Ricardo Hoffmann e o irmão de Vargas, Leon Vargas.
“Hoje é um dia emblemático, porque fechamos um ciclo e entramos pela primeira vez no núcleo político do esquema com as denúncias do ex-deputados”, disse o procurador Deltan Dellagnol.
Corrêa, Argôlo e Vargas foram presos pela Polícia Federal no início de abril. No início desta semana, a PF concluiu os inquéritos sobre a conduta dos ex-parlamentares e os indiciou pelos crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. Sem mandato, os três ex-deputados estão presos preventivamente na Polícia Federal em Curitiba há pouco mais de um mês, onde dividem uma cela. Todos negam que tenham cometido crimes.
Nesta quinta feira, 14, os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato divulgaram as denúncias contra os políticos. A Justiça ainda precisa acolher ou não a denúncia do Ministério Público. Só depois disso é que eles podem ser considerados réus.
Bloqueios
O Ministério Público Federal também solicitou o bloqueio de R$ 544 milhões de reais das construtoras Camargo Correa (R$ 242 milhões) e Galvão Engenharia (R$ 302 milhões). O montante será usado para restituir parte do dinheiro desviado em propina da Petrobras. A estimativa do MPF é de que R$ 6,194 bilhões sejam restituídos. O MPF pede o bloqueio do montante através de uma ação de improbidade administrativa contra as construtoras.
Veja os acusados em cada denúncia:
André Luiz Vargas Ilário
Leon Dênis Vargas Ilário
Milton Vargas Ilário
Ricardo Hoffmann
Ivan Vernon
Márcia Danzi
Aline Corrêa
Alberto Youssef
Rafael Ângulo Lopez
Fábio Corrêa
Luiz Argôlo
Alberto Youssef
Rafael Ângulo Lopez
Carlos Alberto Costa
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