O Ministério Público Federal denunciou cinco pessoas por formação de quadrilha para desvio de dinheiro da Assembléia Legislativa do Paraná entre os anos de 2000 e 2001. Entre os denunciados estão Luiz Cláudio Romanelli, ex-deputado estadual e ex-diretor da Cohapar, e Nereu Moura, deputado estadual, ambos do PMDB. A denúncia foi apresentada ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, e está nas mãos do desembargador federal Luiz Fernando Wowk Penteado.
Além dos dois peemedebista, foram acusados Paulo Gomes Júnior, chefe de gabinete da bancada do PMDB na época; Tani Lemos do Prado Colaço, esposa do ex-deputado Antônio Toti Colaço Vaz (PMDB), e Rosângela Chrispim Calixto, jornalista da Assembléia na época.
Romanelli, então suplente de deputado, e Nereu Moura, que era líder da bancada do PMDB, são acusados de ficar com a maior parte do salário de sete funcionários em uma operação centralizada por Paulo Gomes Júnior. Os funcionários Débora Gomes Machado, irmã de Gomes Júnior; Renata Mendes, esposa; Raquel Mendes, cunhada de Gomes Júnior; Jairo Machado, casado com Raquel; Reginaldo Ferreira e Osório Moura, irmão de Nereu Moura ficavam com R$ 500 e repassavam entre R$ 1.100 e R$ 3.500, dependendo do valor do vencimento.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Rosângela foi indiciada por ficar com R$ 500 do salário da mãe, Elza Chrispin, e repassar o restante. Paulo Gomes Júnior tinha procurações assinadas pelos sete servidores ocupantes de cargos em comissão e, com esse documento em mãos, recebia diretamente em uma de suas contas bancárias os valores destinados aos vencimentos dos servidores.
Em 2000, saíram da conta corrente do chefe de gabinete R$ 72.324,34, quase dez vezes mais do total de seus vencimentos no período. Em 2001, os saques chegaram a R$ 92.724,04, sendo que seu salário anual foi de R$ 29.313,40.
O Ministério Público apresentou notícia-crime ao mapear esse fluxo de dinheiro, considerado crime de formação de quadrilha e peculato contra a administração pública estadual. Como envolvia dois deputados, que têm foro privilegiado, e crime de sonegação fiscal, já que o dinheiro recebido por Moura e Romanelli não foi declarado no Imposto de Renda, a investigação passou para as mãos da Polícia Federal e, posteriormente, para o Ministério Público Federal da 4.ª Região, com sede em Porto Alegre.
Paulo Gomes Júnior e Rosângela Calixto ainda conseguiram restituição de imposto de renda em nome de Elza Calixto, de acordo com a Receita Federal, por meio de fraude em Declaração de Ajuste Anual. A Receita constatou a irregularidade e, durante as investigações, Paulo e Rosângela prestaram informações consideradas falsas com o intuito de acobertar a fraude. Por isso, Rosângela é acusada também de crime de falsidade ideológica.
Apesar de não ser deputado na época, a denúncia do MPF aponta ligações pessoais de Romanelli com Paulo Gomes. Romanelli é padrinho de casamento de Paulo e foi quem o indicou para a função de subgerente do escritório regional da Cohapar em Paranavaí.
Luiz Cláudio Romanelli afirmou, por telefone, que nunca foi investigado pelo MPF e também não foi chamado para prestar depoimento sobre a denúncia. Ele considerou "estranha" a acusação. Em sua defesa, Romanelli afirmou que não era deputado em 2000 e que tem relacionamento político com os outros dois denunciados, Moura e Gomes Júnior. "Agora o MPF terá que provar as acusações", afirmou.
Em nota enviada à imprensa, o deputado Nereu Moura diz que recebeu com surpresa a divulgação de denúncia envolvendo o seu nome. Moura afirma que "estranha que supostos fatos investigados há três anos, somente agora, às vésperas de um processo eleitoral, sejam oferecidos ao público".
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