Estratégia
PF apreende "plano" para anular a operação
A Polícia Federal (PF) apreendeu na casa do presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, seis páginas de anotações manuscritas com estratégias das empreiteiras para anular a Operação Lava-Jato. Nas anotações constam metas de um "Projeto Tojal" ao custo total de R$ 3,5 milhões.
Entre os pontos mencionados estavam trechos como "trazer a investigação para o STF", "estudar o acordo", "fragilizar" ou "eliminar" as colaborações premiadas firmadas e "campanha na imprensa para mudar a opinião pública" .
As informações fazem parte da denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Ricardo Pessoa e dirigentes da empreiteira Camargo Corrêa, que estão entre os 36 acusados na primeira remessa de denúncias dos crimes envolvendo a Petrobras que foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná. O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal, decidirá sobre as denúncias. Se aceitá-las, os denunciados passam a ser réus no processo.
Segundo o MPF, na casa de Pessoa havia também documentos de transferência de dinheiro para a offshore RFY Import e Export, uma das offshores usadas pelo doleiro Alberto Youssef. Em depoimento à PF, Pessoa admitiu que pagou R$ 2,4 milhões em dois contratos de consultoria à empresa D3TM, que pertence ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, deve ser alvo da próxima denúncia do Ministério Público Federal (MPF). A denúncia deve ser apresentada pelos procuradores até segunda-feira, segundo apurou a reportagem da Gazeta do Povo. A acusação formal versará sobre o esquema de desvio de recursos na diretoria Internacional da Petrobras, então comandada pelo diretor Nestor Cerveró. Segundo as investigações, os recursos seriam distribuídos entre políticos do PMDB.
Entenda toda a operação Lava Jato
Os procuradores também correm contra o tempo para apresentar uma denúncia de improbidade administrativa (ato de corrupção praticada por agentes públicos) contra funcionários da Petrobras e executivos das empreiteiras que estão sendo investigadas. A expectativa é de que isso ocorra antes do recesso forense, que se inicia em 20 de dezembro.
Na acusação contra Fernando Baiano deverão ser denunciados também executivos de empresas investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato. Cerveró pode ser alvo da denúncia. Ainda não se sabe quantos são os executivos envolvidos e quais das empresas investigadas teriam participado dessa parte do esquema.
O lobista é suspeito de intermediar o pagamento de propinas para o PMDB, partido ao qual é ligado. Entretanto, integrantes da legenda não devem aparecer nessa etapa do processo, que é restrito ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Esquema
De acordo com depoimentos dados à Justiça por Paulo Roberto Costa e por Alberto Youssef, o esquema de propinas da diretoria Internacional seria similar ao denunciado nesta quinta-feira, que ocorria dentro da diretoria de Abastecimento.
Para conseguir contratos supostamente superfaturados, através de licitações que teriam sido fraudadas, empreiteiras pagariam uma propina de 3% dos recursos pagos pela Petrobras. A única diferença seria o partido beneficiado.
A área internacional da empresa seria comandada por agentes do PMDB, que receberiam 1% dos contratos através de Fernando Baiano. A partilha desses recursos reproduziria o modelo descentralizado do partido, com parte de seus caciques sendo beneficiários. Os outros 2% iriam para o PT.
A defesa de Fernando Baiano nega que ele tenha participado de qualquer esquema de corrupção.
STF nega pedido
O ministro Teoria Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem o pedido apresentado por 11 réus da sétima fase da Operação Lava Jato que queriam responder aos processos em liberdade. Eles fizeram pedido semelhante ao do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que obteve a autorização do STF para sair da carceragem e está em liberdade. Não foi anunciado o motivo da negativa do ministro nos novos casos.
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