Em meio ao avanço da Operação Lava Jato, os procuradores da República definem, nesta quarta-feira (5), a lista tríplice de postulantes ao cargo de procurador-geral da República, que será responsável por denunciar ou não parlamentares envolvidos no escândalo de corrupção na Petrobras. O clima da eleição, que conta com quatro nomes (veja abaixo quem são os candidatos), é envolto em boatos de rejeição do nome do atual procurador, Rodrigo Janot, candidato à reeleição, pelo Senado – caso ele seja o indicado. Especula-se ainda de uma possível “fuga” do Executivo em indicar um nome da lista dos mais bem votados, como prevê a lei, para evitar atritos com o Congresso. Lideranças do Parlamento culpam Janot por incluí-los na lista de investigados pela Lava Jato.
Segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff (PT), caso o nome de Janot – que tende a encabeçar a lista – seja rejeitado pelos parlamentares, a petista partiria para um “plano B”. A ideia é abrir espaço para a indicação de um procurador de fora do pleito promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Entre os possíveis postulantes estariam a vice-procuradora-geral da República Ela Wiecko e o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão.
Caso a especulação se concretize, seria um feito inédito de governos petistas, já que, desde 2003, segundo ano de formação da lista tríplice, ela tem sido religiosamente acatada pelo chefe do Executivo. O presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, descarta, porém, essa hipótese. “Vi essa especulação no jornal e em mais nenhum lugar”, afirma.
Rejeição
Cavalcanti também não acredita na possibilidade de o nome indicado por Dilma ser rejeitado pelo Senado, que possui a prerrogativa de sabatinar e referendar o candidato escolhido pela presidente. “Temos total confiança no Senado, onde estão os políticos mais experientes do Brasil”, declarou. Nos corredores do Congresso, porém, circulam informações de que parlamentares atuam para impedir a recondução de Janot. Entre eles, o senador Fernando Collor (PTB-AL), um dos alvos de inquérito da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Diante dessa possibilidade, os concorrentes do atual procurador-geral – os subprocuradores Carlos Frederico, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia –, almejam o segundo lugar na preferência dos colegas na eleição de quarta-feira, para assumir posição de frente caso haja a rejeição de Janot pelo Senado. Cavalcati cita, porém, o fato de o Senado nunca ter barrado a indicação de um procurador-geral, nem mesmo a de Antônio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão. “Apesar de [a Lava Jato] ter uma extensão maior, o mensalão teve o ônus de ser inaugural”, diz.
Os candidatos
Lista tríplice de indicados ao cargo de procurador-geral da República será votada pelos 1.240 membros do Ministério Público Federal (MPF) nesta quarta-feira. Confira o perfil dos quatro candidatos:
Rodrigo Janot
Apontado como favorito para encabeçar a lista, ele chefia o MPF desde 2013. Ingressou na instituição em 1984, tornou-se procurador-regional da República em maio de 1993 e foi promovido a subprocurador-geral em outubro de 2003. Presidiu a ANPR (1995 a 1997), foi membro do Conselho Superior do MPF e secretário geral do MPF, de 2003 a 2005.
Mario Bonsaglia
Coordena a 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, responsável por analisar o controle externo da atividade policial. Membro da instituição desde 1991, foi diretor da ANPR no biênio 1999-2001, procurador-regional eleitoral em São Paulo (2004 a 2008) e conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público.
Carlos Frederico Santos
Integra a 7ª Câmara do MPF e foi recém-eleito para o Conselho Superior do Ministério Público. É procurador da República desde 1991 e atuou anteriormente como assistente jurídico do Tribunal de Justiça do Amazonas e promotor de Justiça no mesmo estado. Também foi presidente da ANPR por dois mandatos, entre 1999 e 2003, e secretário-geral do MPF, de 2005 a 2010.
Raquel Dodge
Integra a 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que cuida de assuntos criminais. Foi responsável pela denúncia de 38 pessoas na Operação Caixa de Pandora, que apontou a existência de um mensalão do DEM, no Distrito Federal, no governo José Roberto Arruda.
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