O empresário Zuleido Soares Veras, dono da construtora Gautama, foi denunciado nesta terça-feira (12) pelo Ministério Público Federal em Sergipe por improbidade administrativa. A ação se refere a uma licitação para construção de quatro barragens no município de Poço Verde, a 145 km da capital, Aracaju.
O MPF pede ainda que Veras seja condenado a pagar R$ 1 milhão por danos morais devido ao atraso nas obras e a devolver R$ 123,8 mil aos cofres públicos.
Zuleido Veras foi preso pela Polícia Federal na Operação Navalha, que investiga o superfaturamento de obras públicas e fraude em licitações. Levantamento do G1 aponta que pelo menos 36 obras da Gautama no país estão sob suspeita.
A obra, orçada em quase R$ 25 milhões, começou em 2001, mas o contrato acabou anulado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2002. Segundo o MPF, a Gautama realizou apenas os serviços iniciais no canteiro de obras e construiu uma linha de transmissão, tendo recebido cerca de R$ 600 mil.
Na ação, o Ministério Público afirma que o TCU identificou superfaturamento de cerca de R$ 2 milhões nas obras. O MPF cita também irregularidades como o pagamento de 4,0 km por uma linha de transmissão elétrica, quando na verdade teriam sido construídos apenas 2,5 km.
Além do dono da Gautama, foram acusados os ex-prefeitos do município de Poço Verde, José Everaldo de Oliveira e Jonas Dias Neto, e José Edson Santana, engenheiro civil, contratado pela prefeitura de Poço Verde para a fiscalização da obra. Os ex-prefeitos teriam autorizado pagamentos por serviços que não foram realizados.
O MPF quer ainda que Zuleido Veras e a Gautama sejam proibidos de participar de licitações e de fazer contratos com o poder público por dez anos.
Outro lado
O G1 tentou deixou recado no celular da advogada Sônia Rao, que defende Zuleido Veras, e aguarda resposta. O engenheiro civil José Edson Santana disse que ficou responsável pelas obras por poucos meses. Logo depois, contou, o contrato foi embargado pelo TCU.
Santana afirma que não atestou a conclusão da linha de transmissão, apenas assinou um documento mostrando que ela estava em execução. Ele admite a hipótese de ter havido algum tipo de erro de sua parte, mas diz que, se houve, não foi proposital.
O G1 está tentando contato com os ex-prefeitos do município de Poço Verde.
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